Troca por troca: uma carteira antiga vale um produto novo

Através do sistema Sell 1, Buy 1, a White Stamp quer aumentar a vida útil de cada produto, promovendo a reutilização e, como consequência, a economia circular.

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O objectivo é alargar o espectro de produtos que é possível vender. DR

Já tentou vender alguma coisa através da internet? Horas perdidas a tirar fotografias, responder a mensagens de possíveis interessados e depois encontrar-se com o comprador: tudo para sentir que não recebeu o valor merecido pela sua peça. Marta Rito e Pedro Sobral sentiam o mesmo. Dessa frustração nasceu a White Stamp, um sistema de revenda conveniente. Basta preencher um formulário, proceder ao envio gratuito do produto e recebe de imediato um crédito para gastar nos parceiros do serviço, para já em fase piloto.

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Já tentou vender alguma coisa através da internet? Horas perdidas a tirar fotografias, responder a mensagens de possíveis interessados e depois encontrar-se com o comprador: tudo para sentir que não recebeu o valor merecido pela sua peça. Marta Rito e Pedro Sobral sentiam o mesmo. Dessa frustração nasceu a White Stamp, um sistema de revenda conveniente. Basta preencher um formulário, proceder ao envio gratuito do produto e recebe de imediato um crédito para gastar nos parceiros do serviço, para já em fase piloto.

Quando trabalhava em Londres, o casal deparou-se com um problema, a falta de espaço no roupeiro que partilhava. “Começamos a perceber que acumulávamos peças boas que usávamos cada vez menos e não sabíamos o que fazer com elas”, começa por recordar Marta Rito. Juntos começaram, de imediato, a pensar numa forma de controlar o excesso de artigos que tinham em casa.

Foi assim que surgiu a White Stamp, “um programa de revenda nas marcas de rotina de compra do consumidor”, explica a co-fundadora do projecto. Para já, o sistema Sell 1, Buy 1 (Vende um, Compra um) está disponível na plataforma multi-marcas Minty Square.

Nesta fase inicial, só podem ser vendidas carteiras de 20 marcas premium, como Lacoste, Guess, Michael Kors, Bimba Y Lola ou Tous. Ao aceder à plataforma, surge um formulário onde se escreve a marca, o tipo de carteira, o estado, a cor e material. Não são pedidas quaisquer fotografias ao utilizador, para que o “processo seja o mais simples, rápido e cómodo possível”, esclarece Marta Rito.

A resposta ao formulário é quase imediata e é feita manualmente pelo casal. O utilizador recebe por correio electrónico o valor indicativo do quanto pode valer a sua peça e, se concordar com a oferta, as instruções do envio gratuito. “Como o crédito só é concedido após a recepção e verificação do artigo, não há incentivo para o utilizador em fornecer informação que não seja fidedigna”, sublinha a co-fundadora do projecto.

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Marta Rito e Pedro Sobral são os fundadores da White Stamp. DR

Depois de devidamente verificado o artigo, é enviado um crédito para a plataforma Minty-Square, que pode ser gasto em qualquer artigo das mais de 200 marcas comercializadas. Se a carteira valer 20 euros, por exemplo, o crédito pode ser gasto numa compra de valor igual ou superior a 50 euros. Imagine que vale 70 euros, o valor é distribuído em dois vales de 30 euros (numa compra igual ou superior a 75 euros) e 40 euros (igual ou superior a 100 euros).

O que acontece às carteiras?

Depois de verificadas e creditadas, as carteiras são etiquetadas e cedidas aos parceiros de segunda mão da White Stamp. No fundo, a empresa funciona como um intermediário entre o utilizador e o mercado em segunda mão, responsável depois por fazer a carteira chegar ao seu destino final, um novo consumidor.

A viagem de uma destas malas pode ilustrar do que se trata a economia circular, na qual se basearam Marta Rito e Pedro Sobral. A reutilização é o objectivo principal dos empresários, que querem prolongar o tempo de vida útil de cada peça. “A melhor forma de conseguirmos ser circulares é manter pelo máximo período de tempo os bens, que já foram produzidos, em circulação”, defende a arquitecta de formação.

Assim, uma peça que já não é utilizada pelo seu primeiro proprietário pode ganhar uma nova vida. Os fundadores da White Stamp acreditam que prolongar a vida útil de um objecto pode, de facto, poupar recursos.

As carteiras foram o produto-teste da White Stamp. Em cerca de um mês, a empresa recebeu dez carteiras. No futuro, o objectivo é expandir a variedade de produtos e as marcas abrangidas, sempre do segmento de moda premium.

Marta Rito explica que o projecto não funcionaria com fast-fashion. Só com produtos premium, de maior durabilidade e qualidade, é possível assegurar a reutilização e a economia circular.

Nesta fase do projecto, Marta e Pedro estão em conversações com novos parceiros de primeira e segunda mão, para alargar a oferta. Simultaneamente, estão a concorrer para investimento. Durante o primeiro ano, a White Stamp foi financiada pelo StartUp Voucher, que apoia projectos de jovens até aos 35 anos.

Texto editado por Bárbara Wong