Gondomar quer cobrar resgate no rio para evitar “aventureirismos e irresponsabilidades”

Quatro pessoas foram salvas no sábado quando tentavam atravessar de jipe o rio Ferreira. “O custo das operações de resgate ainda não foi totalmente apurado, mas deve rondar os 10 mil euros”, diz autarca.

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Rio Ferreira NFACTOS/Fernando Veludo

A Câmara de Gondomar quer que a cobrança do resgate de quatro pessoas que no sábado decidiram atravessar o rio Ferreira de jipe e ficaram com o carro submerso sirva de exemplo para evitar “aventureirismos e irresponsabilidades” futuras.

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A Câmara de Gondomar quer que a cobrança do resgate de quatro pessoas que no sábado decidiram atravessar o rio Ferreira de jipe e ficaram com o carro submerso sirva de exemplo para evitar “aventureirismos e irresponsabilidades” futuras.

“O pagamento das operações de resgate deve ser considerado uma atitude pedagógica. O objectivo é, além de custear as horas e o material usado por homens que arriscaram a vida para salvar vidas, usar este caso como exemplo de forma a evitar mais aventureirismos e irresponsabilidades”, disse nesta segunda-feira o presidente da câmara de Gondomar, Marco Martins, à agência Lusa.

No sábado, quatro pessoas foram salvas, em Gondomar, no distrito do Porto, quando tentavam atravessar de jipe o rio Ferreira, em São Pedro da Cova.

De acordo com o autarca, “o custo das operações de resgate ainda não foi totalmente apurado, mas deve rondar os 10 mil euros”.

“Isto não foi um acidente. Não foi uma pessoa que estava a trabalhar no campo e se viu surpreendida pela subida das águas. Foram pessoas que, por desporto, ignoraram os alertas e o risco. E, os elementos da Protecção Civil — bombeiros, INEM, GNR, entre outros — que os foram salvar arriscaram a vida e tiveram custos”, sublinhou Marco Martins.

O autarca descreveu que no local onde se deu a situação o rio tem “cerca de 15 metros de largura” e que na hora da ocorrência “a corrente estava extremamente forte”.

A imputação dos custos do resgate às vítimas acontece quando é considerado que houve negligência ou dolo.

Nos casos em que isso não se verifica, é comum serem os seguros das vítimas a pagarem a operação.

No sábado, pelas 14h, a Protecção Civil registava já desde quarta-feira mais de 9500 ocorrências devido ao mau tempo.

Os efeitos do mau tempo, que se fazem sentir desde quarta-feira, já provocaram dois mortos e um desaparecido e deixaram 144 pessoas desalojadas e outras 352 deslocadas por precaução, registando-se mais de 11.600 ocorrências, na maioria inundações e quedas de árvores.

O mau tempo, provocado pela depressão Elsa, entre quarta e sexta-feira, a que se juntou no sábado a depressão Fabien, provocou também condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, bem como danos na rede eléctrica, afectando a distribuição de energia a milhares de pessoas, em especial na região Centro.

A Autoridade Nacional de Protecção Civil, num balanço feito nesta segunda às 10h, disse que o distrito de Coimbra é aquele que ainda causa maior preocupação, apesar de o número de ocorrências ter “baixado significativamente”, esperando-se a redução do leito do rio Mondego nos próximos dias.