Em 2020, o calendário Pirelli vai andar à procura de “Julieta”

A “Julieta que existe em todas as mulheres” foi o foco do fotógrafo Paolo Roversi, num trabalho que inclui nomes como as actrizes Kristen Stewart, Emma Watson e a modelo transgénero Indya Moore.

Fotogaleria

Com Verona, a cidade onde se desenrola o romance de Romeu e Julieta escrito por Shakespeare, como cenário vivo, o fotógrafo italiano Paolo Roversi decidiu ir em busca da “Julieta que existe em todas as mulheres”, reunindo-as no icónico calendário​ Pirelli, apresentado esta semana naquela cidade italiana

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Com Verona, a cidade onde se desenrola o romance de Romeu e Julieta escrito por Shakespeare, como cenário vivo, o fotógrafo italiano Paolo Roversi decidiu ir em busca da “Julieta que existe em todas as mulheres”, reunindo-as no icónico calendário​ Pirelli, apresentado esta semana naquela cidade italiana

Foto
DR

Para tal, chamou nomes grandes da indústria cinematográfica, mas também uma modelo transgénero, cantoras de géneros distintos e a artista franco-italiana, filha do fotógrafo e uma apaixonada por cinema e fotografia.

“A sociedade está a mudar muito, muito depressa, e o calendário da Pirelli também está a mudar”, disse Roversi à Reuters, explicando que o mesmo “não podia permanecer o que era há 30 anos”. “É interessante ver como o calendário Pirelli segue a evolução da sociedade e da fotografia, da estética, da ideia de beleza das mulheres”, resumiu.

Um calendário com história(s)

A sessão fotográfica do calendário desenrolou-se em duas fases, explica-se no site oficial. Num primeiro momento, as mulheres — as actrizes Claire Foy, Emma Watson, Kristen Stewart, Mia Goth, Yara Shahidi; a modelo transgénero Indya Moore; as cantora Chris Lee e Rosalía; e, numa participação especial, a artista franco-italiana Stella Roversi — chegavam ao espaço, sem maquilhagem ou produção, para se sentarem com Paolo Roversi e conversarem sobre o projecto. Cada qual falou, então, da sua ideia de “Julieta”, revelando, quase sem se darem conta, algo íntimo das suas próprias histórias.

Foto

A seguir, cada uma das fotografadas “vestiu” as suas interpretações pessoais da heroína de Shakespeare.

“Eu estava à procura de uma alma pura, de alguém cheio de inocência, que combinasse força, beleza, ternura e coragem”, conta Roversi, citado no comunicado oficial. “Encontrei isso nos olhos marejados, nos gestos e palavras de Emma [Watson], Yara [Shahidi], Indya [Moore] e Mia [Goth]. E nos sorrisos e lágrimas de Kristen [Stewart] e de Claire [Foy]. Na voz e cantos de Chris [Lee] e de Rosalía. E em Stella [Roversi], a inocência. Porque existe uma Julieta em qualquer mulher “, conclui. “E eu nunca vou parar de a procurar.”

O calendário Pirelli (também conhecido como “The Cal") tornou-se conhecido pelas imagens provocadoras de modelos com pouco roupa, num estilo pin up, e nos últimos anos tem feito um percurso de renovação. Para 2016, quebrou com a tradição e escolheu a célebre Annie Leibovitz para fotografar mulheres “inspiradoras” como Patti Smith, Yoko Ono, Serena Williams e Natalia Vodanova. No ano seguinte, reuniu 14 actrizes dos 27 aos 71 anos, com o objectivo de desafiar os ideais de juventude de Hollywood, com o alemão ​Peter Lindbergh a assinar um manifesto contra a “invenção comercial” do “ideal de beleza”  e, em 2018, pela lente de Tim Walkem, ​reinterpretou o tema Alice no País das Maravilhas de uma forma inclusiva, trazendo para o centro da discussão a diversidade, contando para tal com nomes de peso, como Naomi Campbell, Whoopi Goldberg e Sean “Diddy” Comb.

Há um ano, foi a vez de o escocês Albert Watson contar histórias. “Não estava interessado em levar um grupo de modelos para a praia e que estas tirassem os tops. Parecia antiquado. Estava mais interessado em contar as histórias de quatro mulheres diferentes”, explicou, na altura, o fotógrafo, citado pelo New York Times, ao mesmo tempo que este jornal norte-americano escrevia que o calendário “finalmente mostra as mulheres como assuntos (subjects) em vez de objectos (objects)”.