As razões da abstenção

A participação política é um tópico que nos pode unir a todos. Da esquerda à direita, do político de carreira ao abstencionista, todos podemos fazer mais. Foi neste sentido que surgiu este ano a comunidade Política Para Todos, cuja missão é contribuir para o aumento da participação política em Portugal.

O afastamento entre os Portugueses e a Política é uma das grandes ameaças ao nosso futuro. São vários os estudos que apontam instituições democráticas fortes como um dos pilares do desenvolvimento económico. Mas uma democracia forte requer uma sociedade que questiona e se chega à frente para pedir contas a quem está no poder.

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O afastamento entre os Portugueses e a Política é uma das grandes ameaças ao nosso futuro. São vários os estudos que apontam instituições democráticas fortes como um dos pilares do desenvolvimento económico. Mas uma democracia forte requer uma sociedade que questiona e se chega à frente para pedir contas a quem está no poder.

Infelizmente, a tendência em Portugal desde o 25 de Abril tem sido a oposta: são cada vez menos aqueles que se envolvem em política, como é demonstrado pelos números da abstenção. Corremos o risco de perder o comboio por falta de envolvimento das pessoas certas nos lugares/ocasiões certos para tomar decisões que nos afectam a todos.

Mas não chega também apontar o dedo e dizer que algo está mal, um erro que eu próprio muitas vezes cometo. Para além da conversa do “nós” contra “eles”, temos de reconhecer que a classe política é um reflexo da nossa sociedade e há sempre algo que podemos fazer para contribuir.

A participação política, e consequentemente a abstenção, é um tópico que nos pode unir a todos. Da esquerda à direita, do político de carreira ao abstencionista, todos podemos fazer mais.

Foi neste sentido que surgiu este ano a comunidade Política Para Todos, um grupo de voluntários, independente, apartidário, cuja missão é contribuir para o aumento da participação política em Portugal.

A primeira iniciativa desta comunidade, a página politicaparatodos.pt, foi visitada por dezenas de milhares de Portugueses que lá se informaram antes de votar nas eleições legislativas. No futuro, o grupo pretende continuar este caminho do envolvimento político dos cidadãos com projetos simples, diretos e apoiados em tecnologia, por exemplo ajudando a perceber como participar numa assembleia da junta de freguesia ou criando uma página para comentar decretos e leis.

O projeto mais recente é um questionário para ouvir aqueles que não votaram (aceitando respostas em www.politicaparatodos.pt/porquenaovotaste até ao dia 30 de Novembro). A ideia é simples mas raramente executada: se a abstenção é um problema, vamos começar por tentar percebê-la melhor em vez de simplesmente emitir juízos de valor negativos sobre quem não vota.

Mais de 400 Portugueses já responderam a este questionário, evocando razões como “não me sentia informado suficiente para votar”, “estava longe do sítio onde estou registado”, ou “vi na abstenção um protesto”. Um conhecimento mais profundo destas razões vai ajudar-nos a perceber como criar iniciativas que de facto aproximem os Portugueses da política.

O aumento da participação política em Portugal, é um caminho longo que não nos propomos fazer sozinhos. Os membros atuais da comunidade Política Para Todos procuram fazer o seu melhor, dentro das possibilidades de cada um. Procuramos estabelecer um conjunto de princípios e formas de trabalhar que sirvam de guia para quem quiser contribuir. Toda a nossa comunicação é 100% pública e transparente. Não somos anónimos, damos a nossa cara e os nossos nomes. Procuramos ter processos de inclusão de opiniões diversas, para reduzir as nossas inclinações pessoais. Assim, esperamos que este grupo seja capaz de capacitar e motivar outras pessoas, da esquerda à direita, para a participação política informada e competente, seja através do voto, da participação num grupo como o nosso ou da participação num partido político.

Participa, inscrevendo-te na página https://www.loomio.org/g/ZqT2uPv6/politica-para-todos

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico​