Já não há trotinetes no Algarve, menos de um ano depois do início da operação

Uma das empresas disse que a retirada das trotinetes se deveu à “não rentabilidade” da operação e à necessidade de “reforçar outros mercados”.

Foto
Pedro Fazeres

Dez meses depois de terem sido anunciadas como uma mais-valia para a promoção da mobilidade suave no Algarve, as trotinetes eléctricas foram retiradas das ruas da capital algarvia e de Portimão, disseram à Lusa fontes ligadas ao projecto.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Dez meses depois de terem sido anunciadas como uma mais-valia para a promoção da mobilidade suave no Algarve, as trotinetes eléctricas foram retiradas das ruas da capital algarvia e de Portimão, disseram à Lusa fontes ligadas ao projecto.

As duas cidades eram as únicas no distrito de Faro que disponibilizavam uma rede de trotinetes partilhadas para aluguer - em Faro, desde Fevereiro, e em Portimão, desde Julho -, mas as empresas que as exploravam decidiram suspender a operação.

Luís Guerreiro, responsável pela empresa subcontratada para assegurar a operação logística da Voi em Faro, afirmou à Lusa que a retirada das trotinetes se deveu à “não rentabilidade” da operação e à necessidade de “reforçar outros mercados”.

O empresário revelou que o investimento realizado era em regime de aluguer, pelo que “não perdeu nada de mais”, mas lamentou o facto de a cidade “ter perdido” uma opção de mobilidade ligeira, “essencial” numa cidade moderna.

A outra empresa a operar em Faro e Portimão, a alemã Circ, também retirou as suas trotinetes das ruas, mas fonte da empresa contratada para a logística no Algarve esclareceu que estas foram “colocadas em Lisboa”, não havendo informação “se ainda regressam ao Algarve”.

Em resposta escrita à Lusa, a Circ Portugal esclareceu que os equipamentos foram removidos para “manutenção” e por “razões empresariais”, não havendo previsão para sua reposição, mas garantiu, contudo, que brevemente, “voltarão a estar disponíveis” para aluguer.

Nas ruas de Faro, os locais criados pela autarquia para estacionamento das trotinetes - que chegaram a ser 300 na cidade -, estão agora vazios, mas a vereadora com o pelouro da mobilidade no município garantiu à Lusa que não será por muito tempo.

Sophie Matias adiantou ter estabelecido um acordo com a empresa Bolt, estando outro ainda “na calha” e revelou que, relativamente às duas empresas com as quais a Câmara assinara um contrato de entendimento, ambas saíram sem apresentarem uma justificação.

A vereadora considera, no entanto, que a experiência foi “positiva”, já que permitiu recolher dados de mobilidade, nomeadamente, da utilização destas soluções em pequenos trajectos, ao mesmo tempo que colocou a questão na agenda pública.

Sophie Matias realçou que, neste momento, este tipo de mobilidade é “um pouco experimental”, havendo ainda muitos testes nesta área, por isso, quer os operadores quer as cidades, vão experimentando e Faro acabou por ser “um piloto também”.

Situação semelhante aconteceu em Portimão, onde a Circ retirou as 100 trotinetes que tinha disponibilizado em Julho, depois de ter terminado em Outubro o período experimental acordado com a empresa, disse à Lusa o vice-presidente da autarquia.

“Tratou-se de um período experimental, tendo a empresa retirado as trotinetes no final de Outubro, tal como tinha sido acordado entre a Câmara e a empresa”, sublinhou Filipe Vital.

De acordo com o autarca, neste momento não existe nenhuma empresa a operar no aluguer de trotinetes em Portimão, admitindo que, “no futuro, o serviço possa vir a ser disponibilizado na cidade de Portimão através de um concurso público”.

A empresa sueca Voi foi a primeira em Portugal a disponibilizar trotinetes eléctricas, em mais do que uma cidade, mas anunciou no final de Outubro que iria deixar de operar em Portugal, mobilizando as trotinetes para outras cidades europeias.