TAP regista prejuízo de 111 milhões e tem rating de “lixo”

A companhia aérea portuguesa divulgou um prejuízo de 111 milhões de euros entre Janeiro e Setembro. Resultados surgem no âmbito de uma emissão obrigacionista para renovar dívida que a S&P classifica como “lixo”.

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Os dois principais accionistas da TAP, para além do Estado, são Humberto Pedrosa e David Neeleman. Nuno Ferreira Santos

A TAP fechou os primeiros nove meses do ano com um crescimento homólogo de 6,1% das receitas consolidadas no terceiro trimestre do ano, que apanhou os meses do Verão, para um total de 1052 milhões de euros. Um desempenho, segundo diz a empresa liderada por Antonoaldo Neves num comunicado ao mercado, que tem por base o “crescimento do mercado norte-americano e a recuperação do Brasil”.

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A TAP fechou os primeiros nove meses do ano com um crescimento homólogo de 6,1% das receitas consolidadas no terceiro trimestre do ano, que apanhou os meses do Verão, para um total de 1052 milhões de euros. Um desempenho, segundo diz a empresa liderada por Antonoaldo Neves num comunicado ao mercado, que tem por base o “crescimento do mercado norte-americano e a recuperação do Brasil”.

Neste contexto, o “resultado operacional consolidado do Grupo TAP (EBIT) foi de 129 milhões de euros no terceiro trimestre de 2019, equivalente a 12,2% das receitas, em linha com outras empresas congéneres da Europa”, uma melhoria de 16,5% que reflecte “a melhoria da evolução das receitas e a redução de 7% no CASK (custo operacional unitário por assento-quilómetro), beneficiando da entrada ao serviço dos novos NEO e do Airbus A321LR, bem como das iniciativas de ganhos de eficiência e redução de custos”.

O saldo dos nove meses continua, contudo, a ser negativo nos 111 milhões “essencialmente devido a variações cambiais sem impacto na tesouraria”. Sem efeitos cambiais, o lucro líquido foi de 61 milhões de euros no terceiro trimestre, “compensando em mais 50% o prejuízo gerado no primeiro semestre de 2019”.

Estes resultados surgem no mesmo dia em que a TAP anunciou “a intenção” de lançar uma oferta de obrigações sénior com o “valor nominal agregado indicativo de 300 milhões de euros” e maturidade em 2024. O objectivo desta operação, que irá desenvolver-se nos próximos dias num road-show para convencer investidores, passa por antecipar o “reembolso de determinados empréstimos no âmbito do passivo existente da TAP”, com a respectiva extensão das maturidades.

Para esta emissão a Standard & Poor’s fixou, segundo comunicou a TAP ao mercado, uma classificação para a dívida da companhia de BB-, com perspectiva estável, uma nota que fica três níveis abaixo do limiar de “lixo”, isto é, de “classificação de não-investimento”, um obstáculo adicional que a gestão da companhia terá de enfrentar na tentativa de convencer investidores institucionais a comprarem a sua dívida.

Segundo o comunicado, em 2019, “a TAP já amortizou mais de 170 milhões de euros de passivo financeiro”. Além disso, o prazo médio da dívida da TAP “duplicou em quatro anos, passando de menos de 24 meses no momento da privatização em 2015 para aproximadamente quatro anos no final do terceiro trimestre de 2019”, revela a empresa.

A TAP adiantou ainda que o número de passageiros transportados subiu 11,1% no terceiro trimestre “reforçando a tendência de recuperação” da companhia aérea.

Segundo a TAP, o “acesso a crédito para cobertura do preço do combustível minimiza volatilidade nos resultados da TAP”, sendo que a empresa já contratou “cobertura para mais de 50% do consumo previsto de combustível para 2020, a um custo cerca de 4% menor que o preço médio em 2019, o que equivale a uma poupança estimada de 30 milhões de euros” no próximo ano.

A companhia aérea planeia ainda “contratar mais de 800 novos colaboradores no próximo ano, dos quais mais de 100 são pilotos e cerca de 600 serão assistentes de bordo, para fazer face ao crescimento da TAP”. De acordo com o grupo, desde a privatização a TAP já contratou mais de três mil colaboradores em Portugal.