Chegaram os hiperobjectos

Quando os autores de um estudo internacional sobre as zonas do mundo em risco vêm dizer publicamente que o aeroporto do Montijo vai ser construído num local que pode ficar inundado daqui a poucas décadas por causa da subida do nível médio do mar, revela-se uma oposição entre dois mundos que não pode ser resolvida nem sequer atenuada por nenhuma solução de compromisso: por um lado, o mundo mensurável do aqui e agora, aquele que existe de maneira absoluta nos cálculos e estratégias do poder político, para o qual a governação é a gestão das contingências de curto prazo; por outro, o mundo de objectos e fenómenos que têm de ser localizados numa outra escala temporal e espacial que não é a do nosso “presentismo” e cujos efeitos só são descobertos quando já estão em curso e nós estamos irreversivelmente no interior deles. Estes dois regimes de temporalidade inconciliáveis configuram a tragédia política do nosso tempo.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Quando os autores de um estudo internacional sobre as zonas do mundo em risco vêm dizer publicamente que o aeroporto do Montijo vai ser construído num local que pode ficar inundado daqui a poucas décadas por causa da subida do nível médio do mar, revela-se uma oposição entre dois mundos que não pode ser resolvida nem sequer atenuada por nenhuma solução de compromisso: por um lado, o mundo mensurável do aqui e agora, aquele que existe de maneira absoluta nos cálculos e estratégias do poder político, para o qual a governação é a gestão das contingências de curto prazo; por outro, o mundo de objectos e fenómenos que têm de ser localizados numa outra escala temporal e espacial que não é a do nosso “presentismo” e cujos efeitos só são descobertos quando já estão em curso e nós estamos irreversivelmente no interior deles. Estes dois regimes de temporalidade inconciliáveis configuram a tragédia política do nosso tempo.