Portugal e a Europa: fios novos numa velha rede

Portugal, no início dos anos 90, enfrenta de novo o fantasma da periferização. A recentragem da Europa após a queda do Muro de Berlim provocará um realinhamento de forças para o qual estamos mal preparados por não termos aproveitado os anos de vacas gordas para reconverter a especialização da nossa economia.

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Carlos Lopes
  • Este artigo foi originalmente publicado num suplemento especial dedicado aos anos 90 da edição do PÚBLICO de 2 de Janeiro de 1990

Talvez não tivéssemos chorado quando caiu o Muro de Berlim. De longe, do nosso extremo ocidental que é o rosto com que a Europa contempla os outros mundos, observámos esse impensável ano de 1989. Vimos cair todos os fantasmas, desfeitos por um vento forte que pousou sobre a Europa e, soprando sobre ela, a restitui plenamente à vida. Olhámos com cumplicidade essas ruas de Praga, de Berlim ou de Budapeste, onde homens e mulheres cumpriam os eternos rituais da liberdade que nós cumpríramos há apenas 15 anos. Suspeitámos de que, por todas as cidades europeias, se repensava o destino traçado 45 anos atrás, em Yalta, sobre os escombros de uma guerra que apenas nos atingira subterraneamente.

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  • Este artigo foi originalmente publicado num suplemento especial dedicado aos anos 90 da edição do PÚBLICO de 2 de Janeiro de 1990

Talvez não tivéssemos chorado quando caiu o Muro de Berlim. De longe, do nosso extremo ocidental que é o rosto com que a Europa contempla os outros mundos, observámos esse impensável ano de 1989. Vimos cair todos os fantasmas, desfeitos por um vento forte que pousou sobre a Europa e, soprando sobre ela, a restitui plenamente à vida. Olhámos com cumplicidade essas ruas de Praga, de Berlim ou de Budapeste, onde homens e mulheres cumpriam os eternos rituais da liberdade que nós cumpríramos há apenas 15 anos. Suspeitámos de que, por todas as cidades europeias, se repensava o destino traçado 45 anos atrás, em Yalta, sobre os escombros de uma guerra que apenas nos atingira subterraneamente.