Braga: Já há projecto para recuperar o Convento de São Francisco, embora não o ideal

Câmara e Universidade do Minho assinam protocolo para a requalificação do convento do século XVI, integrado numa área monumental com elementos do século VII ao XVIII. Com o financiamento comunitário limitado a um milhão de euros, criação de área interpretativa fica de fora do projecto.

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Edificado no século XVI, o Convento de S. Francisco de Real mantém-se hoje de pé como um esqueleto, mas a Câmara Municipal de Braga e a Universidade do Minho querem-no ver recuperado e aberto ao público daqui a cerca de dois anos. Para o conseguirem, precisam de ver aceite a candidatura ao Norte 2020, oficializada nesta terça-feira, com a assinatura de um protocolo entre a autarquia, proprietária do espaço e promotora da obra, e a universidade, futura responsável pela sua gestão. “Eu diria que, entre o processo de selecção das candidaturas e o processo concursal, estaremos sempre a falar de dois anos ou pouco mais do que isso para ver a obra concretizada”, explicou o presidente da Câmara, Ricardo Rio.

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Edificado no século XVI, o Convento de S. Francisco de Real mantém-se hoje de pé como um esqueleto, mas a Câmara Municipal de Braga e a Universidade do Minho querem-no ver recuperado e aberto ao público daqui a cerca de dois anos. Para o conseguirem, precisam de ver aceite a candidatura ao Norte 2020, oficializada nesta terça-feira, com a assinatura de um protocolo entre a autarquia, proprietária do espaço e promotora da obra, e a universidade, futura responsável pela sua gestão. “Eu diria que, entre o processo de selecção das candidaturas e o processo concursal, estaremos sempre a falar de dois anos ou pouco mais do que isso para ver a obra concretizada”, explicou o presidente da Câmara, Ricardo Rio.

Com um milhão de euros de financiamento comunitário e outro milhão proveniente dos seus cofres, o município, acrescentou Rio, vai recuperar o imóvel e criar uma área visitável que integra os restantes monumentos ali localizados, na zona ocidental da cidade – o Mausoléu de São Frutuoso de Montélios, edifício de influência bizantina, construído na segunda metade do século VII, ainda no período visigótico, classificado como Monumento Nacional desde 1944, e a Igreja de São Jerónimo de Real, do século XVIII, cujos principais elementos são o cadeiral quinhentista do coro-alto e o relicário da sacristia. “O que está previsto é que quem vem visitar possa ler os três espaços de forma integrada e ver as relações construídas entre eles”, avançou o reitor da universidade, Rui Vieira de Castro.

A ideia da “área interpretativa de todo o conjunto monumental”, prevista inicialmente, teve, porém, de ser abandonada, face à verba disponível. Sem esconder “alguma frustração” em torno do financiamento, que esperava o “dobro ou um pouco acima disso”, o líder da instituição de ensino superior realçou que o projecto cumpre o “objectivo essencial” de recuperar o imóvel. O autarca frisou, por seu turno, que a obra vai criar mais “um polo de dinâmica cultural, social e turística na cidade” e reconheceu a necessidade de tornar aquele lugar “mais acessível e visível” a quem visita a cidade.

Zona ocupada pelo homem desde o Calcolítico

O projecto de requalificação do Convento de São Francisco é o corolário das escavações ali protagonizadas pela Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho desde 2005. Esses trabalhos, disse ao PÚBLICO o arqueólogo Luís Fontes, demonstraram que a ocupação humana daquele lugar remonta ao Calcolítico. “Havia ali um povoado forte”, disse, sobre o período histórico entre cerca de 3.300 a.C. e 1200 a.C. Proprietária do imóvel, a Câmara ponderou instalar ali uma pousada da juventude, mas essa solução revelou-se “incompatível com aquele espaço”, em 2011, acrescentou o coordenador dos estudos arqueológicos, também responsável pelo projecto de visitação do complexo monumental.

Outra das valências apontada para aquele espaço foi a nova sede da UAUM, mas esse passo “implicaria a construção de blocos novos e de laboratórios”, esclareceu ainda Luís Fontes.