Nós, Cidadãos! disponível para apoiar maioria de esquerda ou de direita

Presidente Mendo Castro Henriques considera que tanto a esquerda como a direita têm preocupações centrais para o país, como a justiça social, o combate à desigualdade e a defesa da liberdade individual, mas propõem soluções erradas.

Foto
LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Depois do “pessimismo” de Pedro Passos Coelho e do “optimismo” de António Costa, o partido Nós, Cidadãos! quer a sociedade civil no Parlamento e está disponível para viabilizar um Governo, seja de esquerda ou de direita.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Depois do “pessimismo” de Pedro Passos Coelho e do “optimismo” de António Costa, o partido Nós, Cidadãos! quer a sociedade civil no Parlamento e está disponível para viabilizar um Governo, seja de esquerda ou de direita.

“O Governo Passos Coelho castigou os portugueses com algum pessimismo. O Governo António Costa serve muito optimismo. Nós não fazemos uma coisa nem outra”, disse o presidente do partido, Mendo Castro Henriques, em entrevista à agência Lusa. Candidato em 17 círculos eleitorais, o Nós, Cidadãos! apresenta-se como uma alternativa aos “políticos profissionais” e quer combater a abstenção que rondou os 70% no último acto eleitoral (Europeias).

Para Mendo Castro Henriques, “quanto mais forte é a sociedade civil, melhor é o Estado. O Estado português é mau porque está nas mãos de políticos profissionais, ainda para mais de partidos que se esvaziaram ideologicamente. O Estado vai melhorar quando a sociedade civil o reanimar.”

Questionado sobre a maioria parlamentar, conhecida como “geringonça”, o professor universitário admitiu que, no início, pensava que a solução não iria chegar ao término”. “Pensei que as tensões entre o PS, o PCP e o BE seriam demasiado grandes e que iriam romper”, disse, acrescentando que, afinal, não existem assim tantas diferenças entre os partidos.

“O programa do BE, se tirarmos algumas causas fracturantes, do ponto de vista económico é um programa social-democrata puro. Podia ser do PSD”, argumentou. Em relação ao PCP, apesar de enumerar posições com as quais não concorda, como sair da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] ou “estar na União Europeia, mas contra a União Europeia”, Mendo Castro Henriques reconhece “um bom senso” que levou o partido a apoiar a actual solução governativa.

Ainda sobre a “geringonça”, o presidente do Nós, Cidadãos! considera que foi “boa” a táctica de António Costa, mas “má” a sua estratégia ao não aproveitar suficientemente “as vantagens competitivas do país”. “Não motiva os portugueses e daí os 70% de pessoas que não votam porque não querem saber”, alegou.

Mendo Castro Henriques considerou que o maior desafio que esta maioria enfrentou foi a votação do diploma sobre o tempo de serviço dos professores, em Maio passado, embora demonstre alguma estranheza em relação a esta alegada crise. “Seria assim uma questão nacional tão grave? Há coisas mais graves do que encontrar o dinheiro, o financiamento ou as medidas que permitam a restituição dos nove anos, quatro meses e dois dias”, disse. Para o docente, “foi um aviso, mas um aviso que tem a ver com o sistema de cativações, um aviso do Ministério das Finanças, que tem sempre um lado salazarento - cuidado com o dinheiro! -, mas o certo é que depois apareceu o dinheiro para os juízes e para outras coisas”.

Mendo Castro Henriques disse acreditar que o Nós, Cidadão! vai atingir “o patamar da eleição”, esperando “a eleição de um grupo parlamentar”, com a eleição de pelo menos dois deputados através de pelo menos 50 mil votos.

Com base nessa expectativa, afirmou que o partido “nunca impedirá a formação de um Governo de maioria”. “Admitiria viabilizar um Governo que tenha a maioria, porque somos democratas. Se há uma maioria é porque essa é a vontade dos portugueses, é para ser saudada e respeitada, e depois vamos à luta e à discussão”, adiantou.

A disponibilidade é demonstrada quer se trate de partidos da esquerda como da direita. “Se quiser dizer que a esquerda levanta o problema da justiça social e da desigualdade, a esquerda está certa e, nesse sentido, sou de esquerda porque acho que há um problema de desigualdade e justiça social. As respostas da esquerda estão certas? Não, atrapalham-se”.

E prosseguiu: “A direita está certa quando diz que o mais importante é a liberdade individual. É verdade, isso é importante. Mas está errada quando diz que a liberdade individual deve estar acima de tudo.”

Um apoio que está, contudo, condicionado aos princípios do partido, segundo assegurou. “Nunca impediremos a formação de um Governo de maioria, nunca; mas votaremos segundo as causas nacionais e segundo o nosso programa, porque primeiro está o país. Não vamos para a Assembleia da República para fazer jogos parlamentares. Isso deixamos para os políticos profissionais”, declarou.

Elegendo o futuro dos portugueses como a prioridade do Nós, Cidadãos!, o seu presidente defendeu mais apoio à natalidade, insistiu na necessidade de medidas no sentido da transparência e o Estado de direito e que combatam a precariedade nas pessoas e nos ecossistemas.