“Sem igualdade de oportunidades” não há paz duradoura, diz Papa em Moçambique

Francisco foi recebido no palácio presidencial pelo Presidente Filipe Nyusi.

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O Papa Francisco disse esta quinta-feira na sua primeira intervenção em Moçambique que “sem igualdade de oportunidades” não há paz duradoura. “Quando [uma sociedade] abandona na periferia uma parte de si mesma”, não há políticas, nem “forças de autoridade ou serviços secretos que possam garantir indefinidamente a tranquilidade”, disse no palácio presidencial, onde foi recebido pelo Presidente Filipe Nyusi.

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O Papa Francisco disse esta quinta-feira na sua primeira intervenção em Moçambique que “sem igualdade de oportunidades” não há paz duradoura. “Quando [uma sociedade] abandona na periferia uma parte de si mesma”, não há políticas, nem “forças de autoridade ou serviços secretos que possam garantir indefinidamente a tranquilidade”, disse no palácio presidencial, onde foi recebido pelo Presidente Filipe Nyusi.

O Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), oposição, celebraram em 6 de Agosto um novo acordo de paz, o terceiro do país. Esta quinta-feira, perante o Papa, a comunidade diplomática, membros do Governo e figuras políticas, Nyusi mencionou, durante o seu discurso, os líderes da oposição no parlamento.

“Estamos aqui com o meu irmão Ossufo Momade, que peço que se levante”, assim como “com Daviz Simango”, disse o chefe de Estado, num momento de ovação geral na sala. “Citei estes dois [líderes da Renamo e Movimento Democrático de Moçambique, respetivamente] porque são os que representam o nosso parlamento, mas temos muitos mais que estão aqui”, referiu Nyusi.

O Presidente moçambicano saudou as figuras da oposição, defendendo uma cultura “de não violência” em que a política “é feita com a força dos argumentos e não pela força das armas”.

O chefe de Estado realçou que o cuidado especial com a união entre moçambicanos cresceu desde que essa recomendação lhe foi feita pelo próprio Papa Francisco durante um encontro entre ambos, no Vaticano, há um ano.

Esse aconselhamento papal “tem servido de guia” para Moçambique e encerra em si “o espírito que levou ao acordo de paz” de Agosto.

Na sua intervenção, o Papa Francisco recordou que todos os esforços de pacificação surgem na esteira do acordo geral de paz de 1992, o primeiro, assinado em Roma, sob mediação da comunidade de Santo Egídio.

“As sementes” ficaram desde então, e agora surgem “rebentos” impedindo que uma “luta fratricida” faça a história, disse o Papa, considerando que a coragem de construir a paz é “de alta qualidade. Não a da força bruta e violência, mas aquela que se concretiza na busca incansável do bem comum”.

Moçambique conheceu “luto e dor”, mas não deixou “que a vingança e ódio vencessem”, disse.

A cultura de paz, acrescentou Francisco, exige um “processo constante” de diálogo no qual cada nova geração está envolvida, destacando o papel dos jovens.

“Todos vós sois consultores da obra mais bela a ser realizada”, disse para a plateia no palácio presidencial, uma obra que consiste “num futuro de paz e reconciliação como garantias para a vida dos vossos filhos”.

Ficava a deixa para o momento que haveria de ter a seguir, no programa do segundo dia de visita a Moçambique, um encontro inter-religioso com jovens no pavilhão desportivo do Maxaquene, na baixa de Maputo.