Baixas e cumprimento de horários levam militares e GNR a conduzir camiões

Em Sines, foram mobilizados GNR e militares das Forças Armadas para conduzir camiões e assegurar o abastecimento dos postos de combustível no Algarve. Alguns motoristas meteram baixa médica e houve quem cumprisse com os serviços mínimos mas apenas durante o horário normal de trabalho.

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O Governo chamou as Forças Armadas a participar na operação Nuno Ferreira Santos

Em Sines, o facto de vários motoristas terem metido baixa médica e de estarem a cumprir os horários (só faziam exactamente as oito horas de trabalho) levou a que, nesta terça-feira, fossem mobilizados para aquela zona operacionais da Guarda Nacional Republicana (GNR) e militares. Em causa está o fornecimento de combustível à zona do Algarve.

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Em Sines, o facto de vários motoristas terem metido baixa médica e de estarem a cumprir os horários (só faziam exactamente as oito horas de trabalho) levou a que, nesta terça-feira, fossem mobilizados para aquela zona operacionais da Guarda Nacional Republicana (GNR) e militares. Em causa está o fornecimento de combustível à zona do Algarve.

Durante a manhã, segundo o PÚBLICO apurou no local, mais de uma dezena de operacionais da GNR concentraram-se no interior de um parque que pertence à empresa Tiel,  localizado mais ou menos a um quilómetro da refinaria de Sines.

Já passavam das 12h quando dois camiões saíram do local conduzidos por elementos da GNR. Fonte da empresa disse que iam abastecer a Rede Estratégica de Postos de Abastecimento (REPA) na zona da Lagoa e Lagos, no Algarve.

A mesma fonte, que preferiu não se identificar, justificou a presença da GNR com o facto de, naquela empresa, pelo menos dois motoristas terem colocado baixa médica e que o facto de cumprirem o horário das oito horas deixava algum serviço por fazer.

Recorde-se que, para garantir que os motoristas vão trabalhar no âmbito da requisição civil, o Governo determinou em portaria que “os trabalhadores motoristas requisitados que aleguem impossibilidade de cumprimento dos serviços mínimos por motivo de doença devem fazer prova dessa situação mediante certificado de incapacidade temporária, a emitir pelo Serviço Nacional de Saúde, o qual deve ser imediatamente entregue ao empregador”. Acresce que “a situação de doença pode ser verificada por médico, nos termos previstos na legislação aplicável”. A portaria define ainda que se a oposição a essa verificação for assumida pelo trabalhador, “sem motivo atendível”, a ausência será considerada injustificada, além de que “a apresentação de declaração médica com intuito fraudulento constitui falsa declaração para efeitos de justa causa de despedimento”.

Os camiões que saíram do parque da Tiel foram em direcção à refinaria para carregar o combustível, mas só saíram já depois das 15h escoltados por uma viatura da GNR. Foi também por esta altura que chegaram mais de uma dezena de camiões para carregar. Os motoristas eram todos civis e tinham no pára-brisas um cartaz com duas palavras: “Serviços Mínimos”. À tarde, no parque da Tiel, os GNR foram rendidos por militares. Mais de uma dezena aguardavam à porta deste parque por instruções.

Já os motoristas que fizeram greve iam-se rendendo no piquete que estava posicionado numa das rotundas de acesso à refinaria. E sempre vigiados por elementos da GNR.

Durante a manhã, os grevistas não ultrapassaram os 12. Vestiam coletes amarelos e acenavam sempre que um colega passava num camião, apitava e mostrava, com ar revoltado, o cartaz dos serviços mínimos. “Lá vai mais um”, dizia um dos motoristas que umas horas depois também iria estar sentado num daqueles camiões em direcção a um posto da REPA. “Tenho de obedecer à requisição civil”, disse, acrescentando que ia fazê-lo mas que só cumpriria as oito horas de trabalho.

Ninguém quis dar a cara. Receiam represálias por parte dos patrões. Muitos acreditam que há conivência entre patrões e Governo. Alegam que, na segunda-feira de manhã, camiões já carregados foram mandados parar no parque da Tiel, tendo lá permanecido 12 horas e só saíram, já de noite, conduzidos pela GNR. “Às oito horas fui ao parque da Tiel para levantar o meu camião. Ia cumprir os serviços mínimos e disseram que não era possível”, contou um dos motoristas, que disse ter ligado ao chefe, que apenas o informou para o deixar lá. “Os serviços mínimos iam ser cumpridos, mas alguém não deixou e não foram os motoristas”, disse, sublinhando que “alguém criou a justificação para que o Governo avançasse com a requisição civil”.

À tarde, no piquete da greve, apenas estavam seis motoristas. A maioria já tinha feito as oito horas para cumprir os serviços mínimos. “Se formos unidos mesmo com os serviços mínimos vamos conseguir mostrar a importância do nosso trabalho”, dizia um dos grevistas.