Como vêem o MAAT nove designers portugueses?

A Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal associou-se ao museu da Fundação EDP no lançamento de uma colecção exclusiva, apresentada nesta terça-feira, em Lisboa.

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E se o Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT) servisse de inspiração para a joalharia contemporânea de autor? O museu e a Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal (AORP) lançaram o desafio e nove designers portugueses mostram nesta terça-feira, em Lisboa, o resultado: peças exclusivas que dão forma à colecção “Portuguese Jewellery X MAAT Special Edition”.

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E se o Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT) servisse de inspiração para a joalharia contemporânea de autor? O museu e a Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal (AORP) lançaram o desafio e nove designers portugueses mostram nesta terça-feira, em Lisboa, o resultado: peças exclusivas que dão forma à colecção “Portuguese Jewellery X MAAT Special Edition”.

Por ordem alfabética: Ana Pina, Dalila Gomes, Joana Santos, Kathia Bucho, Leonor Silva, Maria Avillez, Mater Jewellery Tales, Romeu Bettencourt e Vangloria foram os designers escolhidos para esta aposta da AORP. Cada um criou uma peça exclusiva, de anéis a brincos, passando por colares. A maioria escolheu a prata e os preços de venda ao público – em exclusivo no museu da Fundação EDP – variam entre os 110 e os 600 euros, descreve Fátima Santos, secretária-geral da AORP, ao PÚBLICO.

Se para a maioria destes artistas é a primeira vez que vão ter o seu trabalho exposto e à venda no MAAT, esta não é uma novidade para Leonor Silva e para Maria Avillez, que são joalheiras residentes naquele espaço.

No caso de Leonor Silva, que tem conquistado reconhecimento internacional, tal acontece de há dois anos para cá. Para esta iniciativa, a artista quis deixar uma mensagem com o anel que criou, à semelhança do que já costuma fazer com as suas peças. Feito de prata com plaquet de ouro, o anel representa as linhas arquitectónicas do edifício do MAAT, mas também a sua envolvente cultural e histórica.

A designer sentiu-se tocada pelo espaço e quis transmiti-lo a quem veja e use a sua peça, a que chamou Where the World Touches You (277 euros). “Foi inevitável ligar o local de onde partiram as naus para a descoberta do mundo, tal como o conhecemos hoje, ao conceito do MAAT que, sem dúvida, representa uma janela para o mundo onde o passado e o futuro se cruzam permanentemente”, descreve Leonor Silva, que recentemente foi distinguida na Coreia do Sul, como Designer de Excelência, e que por cá foi vencedora do prémio Best Of Portojoia – Designer Revelação 2017.

Meio ano depois, mostram-se as peças

Há já meio ano que esta iniciativa arrancou e algumas das peças estiveram, entretanto, na montra da loja do museu, que a cada dois meses a dedica a um dos autores, de forma rotativa. Por estes dias, é o anel Oval the other side (275 euros), de Kathia Bucho, que está por lá.

A designer inspirou-se “nos mosaicos tridimensionais e brilhantes, semelhantes a escamas, que reflectem a luz do lugar e que varia consoante a hora do dia e a estação do ano”, resume a AORP em comunicado.

A maioria dos designers ainda não expôs, explica Catarina Seixas, directora de marketing e comunicação da Fundação EDP. Por isso, grande parte das peças será mostrada na tarde desta terça-feira, pela primeira vez. E é também a primeira vez que o MATT faz uma iniciativa assim com joalharia, acrescenta a responsável ao PÚBLICO. 

A joalheira Ana Pina, por exemplo, criou o anel Horizon Line (110 euros) influenciada pela arquitectura das linhas, pelos níveis de espaços, pelas direcções dos movimentos. Já os brincos Wave (240 euros), da arquitecta Dalila Gomes, “partem do movimento de uma onda, que revê no contraste entre a cobertura que prolonga a paisagem e a fachada ribeirinha”, lê-se no mesmo documento da AORP. Joana Santos baseou-se na “fluidez gerada pelas curvas, no cruzamento de planos, nas suas sobreposições, no efeito cromático do azulejo, no reflexo da luz e na escala humana da sala oval para desenvolver um pendente (280 euros).

A designer gráfica Maria Avillez, também residente no MAAT como Leonor Silva, desenvolveu o colar Trapézio Articulado (600 euros), que representa as linhas e geometrias do edifício.

Sara Coutinho, da Mater Jewellery Tales, por sua vez, desenhou os brincos M (180 euros), que simbolizam a ligação ao rio e ao mar como “reflexo de tradição e de uma história que se renova pela arte”. Esta designer de produto inspirou-se na “forma e textura da cobertura, marcada pela linearidade e brilho dos azulejos”.

Romeu Bettencourt desenvolveu o colar Pearl of MAAT (180 euros), que representa a relação entre a arquitectura, a tecnologia e a arte. “As suas linhas dão a ideia de ilusão óptica, definindo o movimento do Tejo”, descreve a AORP. Por fim, a designer Vanessa Pires, da Vanglória Jewellery Design, desenhou uns brincos (180 euros), tendo-se inspirado na cobertura do edifício do museu.

Nova tendência na joalharia

Com esta iniciativa, há uma nova tendência, a de não vender apenas as peças de joalharia nas ourivesarias, mas também em museus. “É casar a ourivesaria com outros sectores, piscando o olho a um mundo mais artístico que, no fundo, a ourivesaria também o é”, explica Fátima Santos. A secretária-geral da AORP realça este “sangue novo”, que vem das mais diversas áreas, desde a arquitectura às ciências sociais e humanas, e não tanto de famílias com marca na ourivesaria, com herança do sector.

E é a pensar nesse casamento do passado com o presente que a associação apresenta, a 4 de Julho, na Casa da Arquitetura, em Matosinhos, a nova campanha de promoção internacional de joalharia portuguesa, Portuguese Jewellery Legacy, estando apenas patente ao público nos dias 5 e 6 de Julho.

Trata-se de uma exposição acompanhada de um showcase (com venda directa) de uma selecção de 20 marcas que representam a nova dinâmica do sector. “Identificámos duas dezenas de peças na ourivesaria tradicional portuguesa e vamos apresentar um glossário”, revela Fátima Santos.

A associação investigou o que se fazia antigamente e foi comparar com o que se anda a fazer hoje. Resultado? “Há uma identidade da ourivesaria portuguesa: peças trabalhadas muito em metal”, responde. Desde fios, voltas com medalhas com nomes e cruzes, argolas e pulseiras que voltam a estar em voga. “É uma herança do nosso passado”, conclui.