Em cinco anos já foram detectados noventa mil casos de cancro da pele nos hospitais públicos

Do total de cancros da pele detectados, cerca de 16 mil eram melanomas e os restantes 72 mil eram não-melanomas. Os doentes com melanoma têm uma idade média de 66 anos, enquanto que aqueles com cancro da pela não melanoma são geralmente mais velhos — 76 anos. As conclusões são de um estudo do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS).

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Rui Gaudencio

Investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) concluíram que em cinco anos se registaram cerca de 90 mil cancros da pele nos hospitais públicos, o que justifica “uma maior aposta em estratégias de prevenção”.

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Investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) concluíram que em cinco anos se registaram cerca de 90 mil cancros da pele nos hospitais públicos, o que justifica “uma maior aposta em estratégias de prevenção”.

De acordo com a investigação, a que a Lusa teve hoje acesso, do total de cancros da pele detectados, cerca de 16 mil eram melanomas e os restantes 72 mil eram não-melanomas.

O objectivo do estudo era determinar a localização mais comum das lesões, a ocorrência de metástases, a mortalidade e também os custos hospitalares associados à doença.

Os investigadores concluíram que os doentes com melanoma têm uma idade mediana mais baixa (66 anos) e mais metástases (14% dos casos), sendo o tronco a zona do corpo mais afectada (32%).

Já os doentes com cancro da pele não-melanoma são em geral mais velhos (76 anos) e apresentam uma mortalidade mais baixa, embora fiquem mais tempo internados (nove dias em média contra 7,3 dos casos com melanoma) e os custos sejam, em média, mais elevados (2563 euros contra 2417 euros por cada hospitalização).

Se se considerar apenas as hospitalizações, “o melanoma foi responsável por mais de 35 mil dias de internamento, enquanto o cancro da pele não-melanoma totalizou mais de 73 mil dias de internamento. Por ano, o melanoma custa 3,8 milhões de euros, ao passo que o não-melanoma tem custos da ordem dos 16,2 milhões de euros, isto é, cerca de quatro vezes mais”, sublinham os investigadores.

Salientam que estes números “estão provavelmente subestimados, uma vez que não são contabilizados os episódios ocorridos em instituições de saúde privadas”.

“Sabe-se que, com listas de espera que ultrapassam um ano no Serviço Nacional de Saúde (SNS), os doentes com recursos financeiros ou com seguro de saúde procuram cada vez mais o sector privado. A isto acresce que a maioria dos cancros não-melanoma não são tumores de risco e podem ser tratados eficazmente fora do sector público”, explica, em comunicado, Ana Filipa Duarte, investigadora do CINTESIS e docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

A dermatologista considera que, “com o envelhecimento da população e os comportamentos de risco conhecidos, os casos de cancro da pele tendem a aumentar, bem como os seus custos. De facto, com a introdução de novos tratamentos, sobe não só a taxa de sucesso, mas também a despesa associada”.

A responsável defende, por isso, uma maior “aposta em estratégias de prevenção primária do cancro da pele e numa detecção precoce dos casos de cancro”, no sentido de reduzir a mortalidade e os custos que a doença acarreta.

“As campanhas de prevenção não podem, porém, subestimar a importância do cancro da pele não-melanoma, quer em termos do seu impacto no sistema de saúde, quer dos seus custos, muito superiores em média aos do melanoma, quer da qualidade de vida dos doentes”, frisa a investigadora.

Os autores esperam que este estudo possa contribuir para uma maior consciencialização em torno da importância do cancro da pele enquanto problema de saúde pública e permitir, assim, a tomada de “decisões políticas assertivas” na área da prevenção.

Além de Ana Filipa Duarte, assinam esta investigação, publicada no jornal “Cancer Epidemiology”, Bernardo Sousa Pinto, Alberto Freitas, Luís Delgado, Altamiro da Costa Pereira e Osvaldo Correia.