Jerónimo desafia Costa a ser coerente e a não avançar com pacote laboral que está no Parlamento

CDU terminou em Braga o último dia da campanha a Norte. Líder do PCP não poupou António Costa que acusou de se juntar à direita, ao patronato e à UGT, contra os trabalhadores. E avisou que as propostas de revisão da lei laboral do PS podem ser inconstitucionais. Apelando ao voto, Jerónimo diz que a CDU “não andou ao colinho de ninguém”.

Foto
LUSA/HUGO DELGADO

Se António Costa gosta de apontar incoerências à CDU, então o PCP também tem algumas para lhe apontar. Nesta quinta-feira à noite, em Braga, Jerónimo de Sousa recuperou o que o primeiro-ministro tem defendido em encontros europeus sobre a necessidade de um novo contrato social virado para as novas gerações europeias, mas contrapôs com os malefícios das propostas que o PS fez na Assembleia da República para a revisão da lei laboral, que está em discussão.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Se António Costa gosta de apontar incoerências à CDU, então o PCP também tem algumas para lhe apontar. Nesta quinta-feira à noite, em Braga, Jerónimo de Sousa recuperou o que o primeiro-ministro tem defendido em encontros europeus sobre a necessidade de um novo contrato social virado para as novas gerações europeias, mas contrapôs com os malefícios das propostas que o PS fez na Assembleia da República para a revisão da lei laboral, que está em discussão.

Ora, diz Jerónimo, “não dá a cara com a careta” – atirando de volta para o líder socialista a acusação de incoerência do discurso. “Então temos aqui na Assembleia da República um conjunto de alterações negativas sobre os trabalhadores, em relação à contratação colectiva, aos horários de trabalho, ao período experimental, à precariedade. Profundamente negativas! E vem dizer que a Europa é que vai mandar um contrato social - que é o fim do mundo.”

“Entendam-se, clarifiquem: ou é o PS destas propostas de alteração negativas à legislação laboral que estão na Assembleia da República ou é o PS que diz que vamos ter uma maravilha de um contrato social por parte da União Europeia”, acrescentou. O líder comunista apelou: “Se quer dar um sinal, não faça votar estas propostas negativas.” Propostas que mantêm a convergência do essencial do acordo laboral “combinado entre PS, PSD, CDS, patronato e UGT”.

O líder do PCP não foi meigo e disse que o que está na base das propostas do PS tem uma “concepção de fundo preocupante” de desrespeito pela Constituição. E instou o secretário-geral e primeiro-ministro a cumprir os preceitos constitucionais que, desde 1975, dão “prevalência” aos direitos dos trabalhadores sobre os interesses económicos.

A Constituição fala de direitos dos trabalhadores, do tratamento mais favorável, lembrou Jerónimo, insistindo que a lei fundamental “pôs-se do lado dos trabalhadores (…) Respeite a Constituição, cumpra a orientação e o comando constitucional sobre o direito do trabalho”, insistiu.

Na sua intervenção no comício, Jerónimo de Sousa recuperou o discurso que fizera já no final da arruada no Porto ao citar António Costa, quando este disse que “o PCP é uma coisa na Europa e outra em Portugal, que teve um papel importante na reposição de rendimentos e direitos no país, mas que, na Europa, continua a ser uma força de bloqueio”. “Pois é verdade: fomos uma força de protesto quando o PS, PSD e CDS se calaram perante as dificuldades levantadas pelos instrumentos da União Europeia e da troika que tanto mal fizeram ao país”, admitiu.

E deixou novo desafio: “Se o PS valoriza tanto esses avanços das propostas do PCP e da CDU, então não tenha problema. Faça o mesmo na União Europeia: não se ponha do lado do directório de potências. Não se limite a tirar o chapéu; lute com a verticalidade de quem quer que no nosso país que sejam os portugueses a mandar.”

Insistindo no apelo ao voto, Jerónimo defendeu que a CDU “precisa chegar a toda a gente” e pediu que no domingo “ninguém falte”, do agricultor ao micro, pequeno e médio empresário. “Fizemos uma campanha a pulso, de contacto directo. Não tivemos favores de ninguém nem andámos ao colinho de ninguém, mas apenas com o nosso empenho e a obra dos nossos deputados eleitos” em 2014.