Interior é mais uma vez penalizado nos passes dos transportes, dizem empresários da Beira Baixa

Associação diz que medida é boa mas penaliza as zonas do interior porque não há redes de transportes públicos com acesso para todos

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amc antonio carrapato

A Associação Empresarial da Beira Baixa (AEBB) afirmou nesta quarta-feira que a aplicação de descontos nos passes de transportes públicos é “excelente”, mas lamentou que o interior seja uma vez mais “penalizado”.

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A Associação Empresarial da Beira Baixa (AEBB) afirmou nesta quarta-feira que a aplicação de descontos nos passes de transportes públicos é “excelente”, mas lamentou que o interior seja uma vez mais “penalizado”.

“Esta medida [descontos nos transportes públicos], atendendo à descida acentuada nos preços, é uma boa ideia, com todos os benefícios que tem para as pessoas, sobretudo nos grandes centros urbanos, mas penaliza as zonas do interior, porque não há redes de transportes públicos com acesso para todos”, afirmou à agência Lusa o presidente da AEBB, José Gameiro.

O responsável desta associação, que integra também a Plataforma Pela Reposição das Scut na A23 e A25, realça que há ainda uma “agravante” nas regiões do interior, onde, sem uma rede de transporte público com acesso para todos, se obriga as pessoas ao uso de viatura própria, inclusivamente para deslocações de trabalho.

“O interior, mais uma vez, é penalizado. Não digo que esta medida seja feita para penalizar as pessoas, mas acaba por penalizar as que aqui [interior] vivem”, sustenta.

José Gameiro sublinha ainda que esta podia e devia ser uma oportunidade para as zonas do interior, porque, sendo as Comunidades Intermunicipais intervenientes no processo, “deverão ser elas [CIM] a lutar por não discriminar os cidadãos, aqueles que não têm acesso a transportes públicos”.

“As CIM deveriam organizar-se e exigir um abatimento nos preços das portagens, como forma de compensação em relação aos grandes centros urbanos. Volto a frisar, a medida é excelente, mas, por si só, discrimina muito o interior, onde precisamos de medidas de discriminação positiva, neste caso concreto, em relação aos transportes”, afirma.

O presidente da AEBB realça ainda que este processo que mexe com as condições de acesso ao transporte público é uma oportunidade para haver uma união do território sobre este tema, porque considera que “é oportuno”.