Governo cria grupo de trabalho para avaliar viabilidade da Barragem do Pisão

Os primeiros estudos sobre a Barragem do Pisão e a sua valia agrícola datam de 1957, no Plano de Valorização do Alentejo. Com a seca, volta a ter realce.

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enric vives-rubio

O Governo anunciou nesta terça-feira a criação de um grupo de trabalho para avaliar a viabilidade técnico-financeira da Barragem do Pisão, no concelho do Crato (Portalegre), projecto hidroagrícola reivindicado há dezenas de anos por vários sectores locais.

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O Governo anunciou nesta terça-feira a criação de um grupo de trabalho para avaliar a viabilidade técnico-financeira da Barragem do Pisão, no concelho do Crato (Portalegre), projecto hidroagrícola reivindicado há dezenas de anos por vários sectores locais.

O grupo de trabalho “irá compilar a informação existente e desenvolver o estudo do modelo de financiamento e gestão do empreendimento”, segundo o despacho conjunto publicado em Diário da República.

O despacho foi assinado pelos ministros Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, Planeamento, Nelson de Souza, Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, e Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos.

O grupo de trabalho é composto por um representante do ministro-Adjunto e da Economia, que coordena, e elementos da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, Direcção Geral de Energia e Geologia, Grupo Águas de Portugal, Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva e da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo.

“Dentro de 60 dias, o grupo deverá apresentar um relatório com a apreciação dos vários estudos preparatórios existentes, propostas de novas finalidades de utilização, designadamente ao nível da produção energética com a criação de um “espelho de água fotovoltaico” ou outras que possam estimular o investimento e a valorização da região em que se insere”, lê-se num comunicado nesta terça-feira divulgado pelo gabinete do ministro-Adjunto e da Economia.

De acordo com o Governo, o relatório também terá a análise sumária do custo-benefício no contexto regional, uma proposta de modelo de financiamento e gestão do empreendimento e um plano de acção e respectivos prazos de execução.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da Câmara do Crato, Joaquim Diogo, mostrou-se “bastante satisfeito” com a criação do grupo de trabalho, considerando que foi dado "mais um passo de forma consolidada" para que a construção da barragem possa ser uma realidade.

O autarca socialista do Crato adiantou que “dentro de poucos dias” o grupo de trabalho vai começar a reunir.

Segundo o Governo, os primeiros estudos sobre a Barragem do Pisão e a sua valia agrícola datam de 1957, no Plano de Valorização do Alentejo, que indicava a necessidade de construir uma barragem que armazenasse os caudais da ribeira da Seda.

Em 2010, o Estudo de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato - Sua Viabilidade, nas vertentes da rega, do abastecimento público e da criação de uma central mini-hídrica estimou o custo da obra em cerca de 100 milhões de euros, refere o comunicado do gabinete do ministro-Adjunto e da Economia.

Seis anos depois, todos os grupos parlamentares, em resolução da Assembleia da República, consideraram a Barragem do Pisão como obra prioritária e aprovaram, por unanimidade, recomendar a inclusão do projecto nas prioridades de investimento do regadio, no Plano Nacional de Regadio e no Programa Nacional para a Coesão Territorial.

Em todos os estudos efectuados, segundo o executivo, a Barragem do Pisão foi “apontada como fundamental para estimular o desenvolvimento económico e sustentável da área de influência do projecto, pelo que foi considerado urgente avaliar, de forma rigorosa, toda a documentação produzida até à data, que possam suportar uma decisão sobre a viabilidade de construção do empreendimento, rentabilizando o conhecimento específico já produzido”.

A Barragem do Pisão, no Alto Alentejo, já foi anunciada por três primeiros-ministros, Mário Soares, António Guterres e Durão Barroso, mas continua por construir.