Hacker Rui Pinto já chegou a Portugal

Denunciante do Football Leaks aterrou em Lisboa esta quinta-feira. Pirata informático vai ser ouvido por um juiz nas próximas 48 horas, que decidirá se o coloca em liberdade ou o mantém em prisão preventiva.

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Pirata informático é imputado de seis crimes pela justiça portuguesa DR

Exactamente uma semana após a decisão de um tribunal superior húngaro de extraditar Rui Pinto para Portugal, o pirata informático aterrou no Aeroporto de Lisboa esta quinta-feira, pelas 18h56.

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Exactamente uma semana após a decisão de um tribunal superior húngaro de extraditar Rui Pinto para Portugal, o pirata informático aterrou no Aeroporto de Lisboa esta quinta-feira, pelas 18h56.

O voo em que viajava Rui Pinto — o TP 1253, operado pela TAP —​ tinha partida de Budapeste, na Hungria, prevista para as 15h25 (hora de Portugal). Mas acabou por descolar às 15h44.

A chegada de Rui Pinto passou ao lado da maioria dos passageiros que chegavam ao Aeroporto de Lisboa. Não fosse a pequena concentração de cerca de uma dezena de jornalistas e seria uma tarde como outra qualquer.

Houve quem conseguisse filmar o jovem hacker a entrar no avião e até descobrir que viajou em primeira classe. Mas o jovem fintou os jornalistas na chegada ao aeroporto. E acabou por nem sair pela porta principal. 

Inspectores da PJ deslocaram-se até à Hungria, depois de as autoridades judiciais húngaras terem indeferido o recurso da defesa de Rui Pinto, que queria evitar a extradição. Será, dentro de 48 horas, presente a um juiz, que decidirá se o hacker irá ficar detido preventivamente ou poderá ficar em liberdade. O processo deve ser remetido para o Tribunal Central de Instrução Criminal, que deverá aplicar as medidas de coacção que considerar adequadas. É provável que o Ministério Público peça a prisão preventiva de Rui Pinto, alegando que este permaneceu na Hungria, em parte incerta, para fugir às autoridades portuguesas.

O jovem de 30 anos esteve detido numa cadeia húngara desde 6 de Março. Antes disso, permaneceu em prisão domiciliária, desde o dia 16 de Janeiro, que marcou a detenção do português, em Budapeste, pelas autoridades húngaras. Rui Pinto foi detido na sequência do mandado de detenção europeu emitido pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).

Rui Pinto, o denunciante no Football Leaks, tem afirmado que teme pela sua vida se for colocado numa cadeia portuguesa. Numa entrevista à revista alemã Der Spiegel mostrou desconfiança no sistema judicial português, e foram também esses os argumentos que usou perante a Justiça húngara para evitar a extradição. “Tenho quase a certeza que não terei um julgamento justo em Portugal. O sistema judicial português não é inteiramente independente; existem muitos interesses escondidos”, afirmou o hacker à revista alemã. “Claro que há procuradores e juízes que levam o seu trabalho a sério. Mas a máfia do futebol está em todo o lado. Querem passar a mensagem que ninguém se deve meter com eles”, disse. 

Os crimes de que é acusado

A justiça portuguesa imputa a Rui Pinto a prática de seis crimes: dois de acesso ilegítimo, dois de violação de segredo de justiça, um de ofensa a pessoa colectiva e outro de tentativa de extorsão. Nenhum dos ilícitos descritos no mandado de detenção europeu emitido pelo DCIAP envolve o Benfica ou o FC Porto. O único clube de futebol visado nesta panóplia de crimes é o Sporting, que terá sido vítima de um crime de acesso ilegítimo. A PJ já admitiu não ter elementos que comprovem a ligação do hacker português ao roubo dos e-mails do Benfica, mas Rui Pinto é, de facto, suspeito desse crime.

Para além do pirata informático, a PJ pretende também analisar o material aprendido nas buscas feitas à residência de Rui Pinto. Em causa estão estão vários discos externos, pen drives, cartões de memória, um computador e três telemóveis, que poderão conter provas de interesse para os investigadores.