A culpa é minha

É a facilidade do Google - e a perícia que se ganha depois de vinte e tal anos de consultas - que trama os livros.

Antes de haver Internet já eu tinha uma biblioteca de referência com todos os bons dicionários das principais línguas europeias e uma boa colecção de enciclopédias, antologias e histórias cobrindo a filosofia, a literatura, as artes e tudo o mais que me interessava.

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Antes de haver Internet já eu tinha uma biblioteca de referência com todos os bons dicionários das principais línguas europeias e uma boa colecção de enciclopédias, antologias e histórias cobrindo a filosofia, a literatura, as artes e tudo o mais que me interessava.

Tenho actualizado essa biblioteca, dispondo de todas as edições dos livros mais importantes. Não me falta nada. Pelo contrário, sobram-me excessos e repetições.

Esta biblioteca está em várias estantes espalhadas pela casa. Nas estantes do escritório tenho os dicionários, as gramáticas, os livros de citações, os livros de estilo e, dum modo geral, os livros que uso mais para escrever.

A qualidade da informação que estes livros contêm é melhor do que aquela que se obtém online e, para mais, há o prazer de encontrar outras coisas inesperadas pelo meio já que abrir um livro é como tomar um banho: custa a entrar mas depois não se quer sair.

O problema é a preguiça. Envergonha-me admiti-lo mas o mais das vezes continuo aqui sentado e vou ver à Internet. Isto acontece mesmo com os livros que estão a três ou quatro passos.  

Engano-me pensando que é para poupar tempo, porque os livros são fascinantes, mas é preguiça. É a facilidade do Google - e a perícia que se ganha depois de vinte e tal anos de consultas - que trama os livros.

Alguns já gemem quando são abertos. Passam-se anos sem mostrar as folhas. A culpa é minha, não é da Internet.

A única consolação é que, sempre que consigo vencer a preguiça, fico a gostar cada vez mais dos meus livros.