Por terras de Zaratustra

O leitor Pedro Mota Curto partilha a sua experiência no Irão.

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Pedro Mota Curto

A antiga Pérsia, hoje Irão, está rodeada por muitos países, algures entre o Ocidente e o Oriente, no Médio Oriente, numa confluência de antigas civilizações, caravanas e odores. Nos séculos VI e V a.C. imperadores como Ciro, Dario, Xerxes e seus descendentes construíram um império da Líbia até à Índia e ao Danúbio, unindo territórios de três continentes.

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A antiga Pérsia, hoje Irão, está rodeada por muitos países, algures entre o Ocidente e o Oriente, no Médio Oriente, numa confluência de antigas civilizações, caravanas e odores. Nos séculos VI e V a.C. imperadores como Ciro, Dario, Xerxes e seus descendentes construíram um império da Líbia até à Índia e ao Danúbio, unindo territórios de três continentes.

A magnífica e mítica cidade de Persépolis, hoje situada no centro do Irão, permanece como eloquente testemunho da grandiosidade do Império Persa, um dos primeiros grandes impérios da Antiguidade. Persépolis seria incendiada e destruída, no ano 330 a.C. por Alexandre, O Grande, que da Macedónia batalhou até à Índia. Os vestígios desta cidade ainda hoje impressionam historiadores, arqueólogos e visitantes. Os interessados podem alugar uns óculos equipados com um sistema de realidade virtual que nos permitem visionar a magnificência e o colorido da eterna cidade dos persas. A realidade virtual aplicada em Persépolis permite-nos viajar do século XXI depois de Cristo até ao século VI a.C.

Em 2018, a ocidente, os países vizinhos da Pérsia são a Turquia, o Iraque e a Arábia Saudita. A oriente, o Turquemenistão, o Afeganistão e o Paquistão. A norte, o Azerbaijão, a Arménia e os outros países que rodeiam os esturjões do mar Cáspio. Há muito caviar, desde que se disponibilizem centenas de euros por alguns gramas de bolinhas pretas oriundas de grandes peixes. Qualquer dia, se se extinguirem os esturjões, acabam as ovas, pretas, com sabor a mar Cáspio, levemente salgadas, fortemente inflacionadas.

Teerão é a capital da Pérsia, que hoje se denomina Irão. Aí reside cerca de um quarto dos 80 milhões de iranianos. O país é enorme, sendo do mesmo tamanho do Reino Unido, França, Espanha, Suíça e Itália, todos juntos. A maior parte é constituída por desertos de pedra e montanhas sem vegetação. Quanto mais para sul, mais quente. Em Teerão, são normais as temperaturas de cerca de 40 graus no Verão. No Inverno as temperaturas descem e as montanhas cobrem-se de neve.

A população é essencialmente urbana. Nos locais onde existe água, surgiram esplendorosas cidades, com muitos milhões de habitantes, onde proliferam os bazares, labirínticas mas muito cuidadas zonas comerciais. Todas as cidades possuem um extraordinário e diversificado bazar, percorrido incessantemente por centenas ou milhares de pessoas, de loja em loja, fazendo reviver tempos ancestrais.

A antiga religião da Pérsia era o zoroastrismo, cujo profeta, Zaratustra, terá vivido, talvez, entre 1000 e 1500 anos antes de Cristo. Os templos do fogo e as torres do silêncio imperaram na Pérsia até ao advento do islamismo, no século VII depois de Cristo. Hoje, ainda subsiste uma minoria de fiéis zoroastras, sobretudo na zona da cidade de Yazd, assim como na Índia, em Bombaim, local para onde emigraram, em tempos idos. Uma das características era terem que rezar cinco vezes ao dia, tal como os muçulmanos sunitas, muito séculos depois. A religião dos zoroastras baseava-se em três princípios: boas palavras, bons pensamentos e boas acções. Assim falava Zaratustra, profeta de um dos primeiros monoteísmos.

Pedro Mota Curto