Dirigente do CDS-Braga contesta critérios de Cristas sobre escolha de deputados

Elaboração das listas de deputados às eleições de 6 de Outubro de 2019 pode vir a não ser tranquila para Assunção Cristas.

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Assunção Cristas LUSA/CARLOS BARROSO

Altino Bessa, líder da concelhia de Braga do CDS-PP e ex-deputado, contesta os critérios assumidos por Assunção Cristas sobre a escolha dos candidatos a deputados ao beneficiar mais a “qualidade” do que a ligação ao distrito. A elaboração das listas de deputados para 2019 já está a agitar o CDS e poderá não ser pacífica.

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Altino Bessa, líder da concelhia de Braga do CDS-PP e ex-deputado, contesta os critérios assumidos por Assunção Cristas sobre a escolha dos candidatos a deputados ao beneficiar mais a “qualidade” do que a ligação ao distrito. A elaboração das listas de deputados para 2019 já está a agitar o CDS e poderá não ser pacífica.

Numa entrevista a um jornal interno da Universidade Católica de Braga, publicada este mês, Assunção Cristas foi questionada sobre se a indicação de candidatos a deputados fora do distrito como Braga (e com o exemplo de Telmo Correia, que foi o cabeça de lista do CDS em 2015) é enganar os eleitores. A líder do CDS-PP considerou que “o critério distrital é relevante mas em segundo lugar da hierarquia” e que “em primeiro está a qualidade das pessoas para acompanhar as várias áreas do Parlamento”. Assunção Cristas admite que “o ideal” seria ter “gente com dimensão nacional em todos os distritos” mas que “não é assim, pelo menos no CDS”.

O vereador da câmara de Braga discorda desta regra. “Não posso aceitar o critério da dimensão nacional. O distrito fica em segundo plano. As pessoas têm de votar em deputados. Por isso é que há círculos eleitorais, é para haver uma identificação. Se não, tenham a coragem de criar um círculo nacional único”, disse ao PÚBLICO, depois de escrever no Facebook uma nota crítica sobre as declarações de Cristas. Nessa rede social, Altino Bessa comentou: “Então o terceiro maior distrito do país não tem uma pessoa com essa qualidade? Uma só pessoa. Coitados de nós”.

O PÚBLICO contactou Assunção Cristas, que não quis comentar. 

O dirigente concelhio (que já liderou a distrital de Braga) aceita que o cabeça de lista do distrito às legislativas seja escolhido pela direcção nacional do partido, mas “não mais do que isso”. Mesmo esse nome “tem de ter conforto nas estruturas locais. Tem de haver diálogo. Querer fazer outro caminho não vai correr bem”, avisa.

Já em 2015, Altino Bessa, enquanto líder da distrital, contestou as escolhas de Paulo Portas para a lista de deputados numa reunião do conselho nacional. O próprio foi afastado do primeiro lugar da lista pelo distrito, contrariando uma deliberação da assembleia distrital. A sua posição, que afrontava Paulo Portas, aqueceu esse conselho nacional.

A actual líder do CDS já se comprometeu em definir os critérios de escolha de deputados para as listas das legislativas de 2019 no próximo conselho nacional, que se deve realizar já em Janeiro. É a primeira vez que Assunção Cristas vai liderar a elaboração de listas, mas o processo pode vir a não ser tranquilo. É que a distrital do Porto, liderada por Fernando Barbosa, já assumiu que quer autonomia na escolha dos candidatos indicados por aquele distrito. Foi esse o compromisso que Fernando Barbosa assumiu na candidatura à liderança da distrital, em Junho deste ano, e em que derrotou Cecília Meireles, vice-presidente do partido, e que era vista uma cabeça de lista natural na lista do Porto.

A intenção de assumir essa autonomia na escolha dos representantes à Assembleia da República foi dita de viva voz por Fernando Barbosa, e perante a líder do CDS, no discurso de tomada de posse dos órgãos distritais, em Outubro passado.

Nos anos de liderança de Paulo Portas, o critério seguido pelo então líder era o de indicar o número de candidatos correspondente ao que foi eleito nas anteriores eleições. Por exemplo, se um distrito elegeu três deputados, a direcção do CDS tinha uma palavra a dizer sobre os nomes desses três primeiros lugares. Altino Bessa defende que é preciso definir a estratégia e que “não se pode empurrar” o assunto. No caso da distrital de Braga, o actual líder – Nuno Melo – não será candidato, já que concorre primeiro ao Parlamento Europeu. Mas Altino Bessa assume que está disposto a defender a sua causa: “Em 2015 fui acusado de estar a defender o meu lugar. Agora, não estou disponível para ser candidato”.