Marcelo fala dos 1,8 milhões de pobres e insiste no cuidador informal

Para o Presidente da República a necessidade da criação do estatuto do cuidador informal "merece o esforço de todos".

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Para Marcelo, não há paz onde há pobreza LUSA/RODRIGO ANTUNES

O Presidente da República disse neste domingo que é preciso olhar para os 1,8 milhões de portugueses em situação de pobreza e frisou ser necessário adoptar medidas como a criação do estatuto do cuidador informal.

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O Presidente da República disse neste domingo que é preciso olhar para os 1,8 milhões de portugueses em situação de pobreza e frisou ser necessário adoptar medidas como a criação do estatuto do cuidador informal.

Numa intervenção no Palácio de Belém, onde recebeu a Luz da Paz, uma iniciativa em Portugal da Cáritas e dos Escuteiros, Marcelo Rebelo de Sousa reafirmou a necessidade da criação desse estatuto, depois de já o ter feito em Novembro passado, quando considerou ser uma causa que "merece o esforço de todos".

Numa mensagem publicada na página da Presidência da República na Internet a propósito do Dia do Cuidador, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou na altura que a criação de um estatuto próprio "é uma causa que é nacional", que "reúne o apoio de todos os partidos" e frisou que a continuará a defender "até que seja uma realidade".

Há uma semana, em Coimbra, o Presidente disse de novo que é um defensor do cuidador informal, frisando: "O fundamental é que haja um estatuto para o cuidador informal" em Portugal. A proposta de Lei de Bases da Saúde aprovada recentemente não reconhece esse estatuto.

Neste domingo, no Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a referir-se ao tema, acrescentando que também são necessárias medidas para apoiar os que não podem sair de casa, referindo-se ao apoio domiciliário.

Na curta cerimónia no Palácio de Belém, o Presidente recebeu a Luz da Paz, uma vela, que simboliza uma mensagem de paz, de amor e de solidariedade, pelo Corpo Nacional de Escutas e pela Cáritas, uma organização da Igreja Católica.

Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas, explicou a iniciativa (que começou na Áustria em 1986) e lamentou que ainda não se difundam regularmente informações sobre as situações de carência atendidas pelos serviços públicos e privados de acção social e pelo voluntariado social de proximidade

O responsável referiu dados de 2017 que dão conta que 18,3% dos portugueses vive em situação de pobreza. E apelou a que os portugueses coloquem a partir das 20h de segunda-feira uma vela na janela ou varanda de suas casas, por um mundo com mais justiça e solidariedade.

Marcelo Rebelo de Sousa falou também da necessidade de um mundo mais justo e solidário e, referindo-se a Portugal e aos seus 1,8 milhões de pessoas em situação de pobreza, afirmou que não há paz onde há pobreza, desigualdade, injustiça, intolerância e incompreensão.

Sem uma "mudança apreciável" da parte de todos para enfrentar o problema o risco de pobreza e das desigualdades vai continuar, disse o Presidente, acrescentando: "enquanto não formos capazes, como país, de enfrentar este problema, a paz é um sonho mas não é uma realidade".

E a dois dias do Natal, Marcelo Rebelo de Sousa disse que o seu pensamento vai nesta quadra para os sem-abrigo, sem família, os que estão detidos ou hospitalizados, que também têm "direito ao Natal mas que não têm Natal".

Salientando que o desafio central é "respeitar a dignidade das pessoas", Marcelo Rebelo de Sousa disse que hoje os seus pensamentos não vão para os que têm um Natal privilegiado, nem para os que têm um Natal possível, mas sim para os que "não têm Natal nenhum".