Quem ainda não trabalhou com o Netflix? Michael Douglas também já lá está

The Kominsky Method estreou-se na sexta-feira no Netflix, com Douglas e Alan Arkin nos principais papéis — de velhos profissionais em Hollywood, terra da eterna juventude.

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Mike Yarish/Netflix

Tal como a migração de actores e realizadores do cinema para a televisão já não apresenta grande novidade, a rota desses mesmos para a nova televisão, o Netflix e quejandos, também já não deveria sê-lo. Mas a verdade é que ainda se assinala, com maior ou menor surpresa e com maior ou menor impacto conforme o nome (uma Nicole Kidman na HBO não pesa tanto quanto um Sam Worthington no Netflix) quando

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Tal como a migração de actores e realizadores do cinema para a televisão já não apresenta grande novidade, a rota desses mesmos para a nova televisão, o Netflix e quejandos, também já não deveria sê-lo. Mas a verdade é que ainda se assinala, com maior ou menor surpresa e com maior ou menor impacto conforme o nome (uma Nicole Kidman na HBO não pesa tanto quanto um Sam Worthington no Netflix) quando

Hollywood está atrás de mais uma porta do streaming. Desta vez, é Michael Douglas que está na soleira.

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Quando House of Cards se estreou no Netflix, pioneiro da produção original da empresa californiana, os 500 mil dólares que Kevin Spacey, o sr. Beleza Americana e Suspeitos do Costume, recebia por episódio eram notícia não só pela sua mera presença numa série de TV, e na TV pela Internet, mas pelos valores ao nível dos dos protagonistas da televisão em sinal aberto americana. Cinco anos, um escândalo de abuso sexual e um mundo de mudanças depois, não se pestaneja sequer com os salários de Reese Witherspoon, Jennifer Aniston ou Javier Bardem a rondar o milhão por episódio para as suas novas séries para a Apple e a Amazon, respectivamente. Os actores já nos ensinaram tudo sobre o seu mercado em constante expansão e Michael Douglas vem ensinar o seu método na sua nova série no Netflix.

The Kominsky Method estreou-se sexta-feira no Netflix e nela Sandy Kominsky (Michael Douglas, com 74 anos) é um reputado e veterano actor que dá aulas de actuação a jovens esperançosos. A série, criada por Chuck Lorre (A Teoria do Big Bang ou, na sua estreia no Netflix, Disjointed), é tanto sobre as angústias, caricaturas e ironias da profissão de actor quanto sobre a velhice — e sobre a velhice no masculino. Os dois rostos da série são Douglas e o seu amigo e agente Norman Newlander, interpretado por Alan Arkin (84 anos), mas há brindes como as entradas de Danny DeVito ou Lisa Edelstein (que ocupa o lugar de filha de Norman), e sobretudo o prazer de ver a cidade de Los Angeles por outros olhos: com cataratas, ou alguma miopia, na terra dos shots de gérmen de trigo e das aulas de hot yoga.

A série sabe que não está a inventar nada de novo neste horizonte televisivo de onde se vê sempre o nascer de qualquer coisa. No tom de comédia, intromete-se a nostalgia e alguma amargura, mesmo sendo uma crítica já bastante batida sobre Hollywood. Como escreve o crítico da CNN Brian Lowry, e tal como Grace and Frankie (a comédia com Jane Fonda e Lilly Tomlin) ou Calma, Larrya série distingue-se por ser “um olhar divertido sobre envelhecer não graciosamente, mas de má vontade”. São oito curtos episódios em que o rei das sitcom fala de próstatas, jovens insensíveis e amizade.

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A certa altura, Norm lembra: “Não sou o Tom Hanks.” Mas o igualmente respeitado Alan Arkin é ele próprio, um dos chamarizes de The Kominsky Method e uma prova viva de como se sobrevive aos dentes vorazes de Hollywood, do cinema e das modas, plataformas e formas da televisão.