Requalificação dos muros do Mondego em Coimbra vai levar ano e meio

Projecto de sete milhões de euros pretende estabilizar margem direita e mudar relação da cidade com o rio.

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A margem direita do rio Mondego vai estar em obras durante ano e meio. O objectivo é estabilizar os muros e reabilitar uma zona degradada ao longo de 1200 metros, entre a ponte de Santa Clara e o Açude-Ponte, numa empreitada que foi consignada nesta sexta-feira, na Câmara Municipal de Coimbra (CMC). 

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A margem direita do rio Mondego vai estar em obras durante ano e meio. O objectivo é estabilizar os muros e reabilitar uma zona degradada ao longo de 1200 metros, entre a ponte de Santa Clara e o Açude-Ponte, numa empreitada que foi consignada nesta sexta-feira, na Câmara Municipal de Coimbra (CMC). 

Os trabalhos na marginal que inclui parcelas das avenidas Aeminium e Emídio Navarro vão decorrer ao longo de 18 meses e custam 7 milhões de euros, sendo comparticipados a 85% pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (POSEUR). No auto de consignação, em que estiveram presentes o presidente da CMC, Manuel Machado, e o ministro do Ambiente e Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, arquitecta Joana Sobral, da divisão de estudos e projectos do município, explicou que a intervenção vai “aumentar e alargar percursos pedonais e cicláveis”.

Para já, a circulação no troço de estrada que liga o Açude-Ponte à estação velha vai manter-se nos dois sentidos, mas uma solução definitiva depende do canal do metrobus (sistema de autocarros eléctricos que substitui o metropolitano ligeiro de superfície). 

Apesar de ser a margem do rio mais próxima do centro histórico de Coimbra, é uma zona actualmente “afastada da vivência da cidade”, com grande “pressão de tomada e largada de passageiros, de estacionamento”, explicou a arquitecta, verificando-se uma “fraca qualidade urbana”, com áreas degradadas e passeios “praticamente inexistentes”. 

Com a requalificação, um dos objectivos é “fazer a ligação da Mata Nacional do Choupal com o centro da cidade e com a zona do Jardim Botânico” a pé ou de bicicleta. Joana Sobral referiu também que há estruturas a manter, como o cais das ameias, mantendo “ uma evidência histórica do rio Mondego como entrada e saída de mercadorias” da cidade. De resto, ao longo dos 1200 metros, a margem vai “subindo e descendo a cota” para “melhorar a relação com o rio”. 

O projecto tinha já sido aprovado há dois anos, numa reunião do executivo municipal. No entanto, uma providência cautelar interposta por uma das empresas que foi a concurso público atrasou o processo.

Mas há mais intervenções relaccionados com o Mondego a decorrer. No mesmo acto em que a CMC consignou a requalificação das margem direita, a Agência Portuguesa do Ambiente apresentou uma intervenção no rio, a jusante de Coimbra, para requalificar o leitor central e diques, de forma a ajudar a melhor controlar as cheias, como as que ocorreram no Inverno de 2016. 

Aos jornalistas, Manuel Machado referiu que as intervenções a decorrer, desde o desassoreamento às intervenções nas margens, leitos central e periféricos, visam reduzir o risco de inundação. “As cheias não vão ocorrer tão cedo”, afirmou, ressalvando que, “daqui a alguns anos, será outra vez necessário repetir algumas das componentes do que está em curso”. 

Sobre a definição de responsabilidades entre autarquia e ministério (factor que durante anos serviu de entrave ao avanço de uma intervenção para desassorear o rio) o ministro do Ambiente e da Transição Energética afirmou que “é absolutamente irrelevante”. Matos Fernandes referiu que cabe a uma câmara municipal “conceber, programar e desenhar” a relação da cidade com o rio, sendo o trabalho das entidades ambientais garantir que a intervenção “não agrava – antes pelo contrário, melhora, as condições de escoamento do próprio rio”.