Real Madrid garante liderança no campeonato da estabilidade

Na Europa, só Barcelona e Bayern acompanham, esta época, os madrilenos, utilizando jogadores com mais de cinco anos de casa.

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Reuters / Stefano Rellandin

Um estudo do Observatório de Futebol do Centro Internacional de Estudo de Desportos (CIES) estabeleceu uma relação entre a política de recrutamento dos principais clubes de futebol europeus e o respectivo sucesso desportivo. As conclusões do levantamento feito entre 1 de Outubro de 2009 e 2017 — coincidente com a chegada de Cristiano Ronaldo ao Bernabéu, antecipando em um ano a saída do português para a Juventus — “mostram” que os resultados estão intimamente vinculados à estabilidade dos plantéis, estabelecendo um paralelo entre a classificação e a percentagem de novas contratações.

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Um estudo do Observatório de Futebol do Centro Internacional de Estudo de Desportos (CIES) estabeleceu uma relação entre a política de recrutamento dos principais clubes de futebol europeus e o respectivo sucesso desportivo. As conclusões do levantamento feito entre 1 de Outubro de 2009 e 2017 — coincidente com a chegada de Cristiano Ronaldo ao Bernabéu, antecipando em um ano a saída do português para a Juventus — “mostram” que os resultados estão intimamente vinculados à estabilidade dos plantéis, estabelecendo um paralelo entre a classificação e a percentagem de novas contratações.

Os bons exemplos vêm de cima, normalmente de “gigantes” como Bayern Munique, Barcelona e Real Madrid, não podendo dissociar-se o poder económico das apostas certeiras. A reboque deste estudo, o CIES não resiste a mostrar-nos os dados de 2018 (entre Julho e Outubro), com o campeão europeu Real Madrid a assumir-se também como vencedor desta Liga da estabilidade, mesmo estando momentaneamente em queda no campeonato espanhol, contando com a “solidariedade” de Barcelona e Bayern (igualmente em “crise”), os únicos a apresentarem profissionais no plantel com mais de cinco anos de casa, em média.

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Da amostra constam apenas futebolistas que actuaram (nas Ligas domésticas) na primeira equipa de clubes do primeiro escalão de 31 federações membros da UEFA. O estudo exclui jovens promovidos directamente da formação à primeira equipa, não contando como reforços. Na primeira época escrutinada pelo CIES (2009), foi estabelecido o recorde de contratações, feito conseguido pelos turcos do Diyarbakirspor (actualmente na terceira divisão), com 96,4% de caras novas no plantel desse ano. Proeza que custou a despromoção no final da temporada.

Nos antípodas, os finlandeses do FC Honka ostentam o “título” de clube com a percentagem mais baixa de reforços, o que não os impediu de terminarem a Liga de 2010 — sem reforços — na quarta posição.

A prevalência de clubes menos susceptíveis a “revoluções” nos plantéis verifica-se eminentemente a norte, traduzindo culturas e filosofias distintas. Neste capítulo, Portugal surge como “vice-campeão” entre os recordistas de contratações, com 52% de novos “craques”, sendo apenas superado por Chipre (57,7%). Matriz contrariada pelas Ligas nórdicas, com Dinamarca, Suécia e Noruega a registarem índices muito inferiores, a par dos da Bundesliga.

O estudo revela casos particulares, excepções à regra, como Slavia de Praga, Ludogorets ou Fenerbahçe (com sucesso desportivo apesar do elevado número de contratações), e antecipa o futuro, ao sublinhar percursos errantes dos croatas do Istra e dos italianos do Parma, os mais instáveis, realçando a curiosidade de em Itália os cinco mais estáveis serem os cinco mais bem classificados da Serie A.

A especulação dos mercados de transferências agrava um cenário que não é imune a fenómenos como a corrupção, nas suas mais variadas formas, em detrimento dos resultados desportivos.