Expectativas reles

O optimismo dos outros derrota-nos sem culpa nossa e o pessimismo dos outros condena-nos sem provas. Não há fuga.

A expectativa é um ingrediente que tentamos manipular para sermos agradavelmente surpreendidos. Os pessimistas que estão sempre à espera do pior deliciam-se repetidamente com a sensação de nada ser tão mau como esperavam.

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A expectativa é um ingrediente que tentamos manipular para sermos agradavelmente surpreendidos. Os pessimistas que estão sempre à espera do pior deliciam-se repetidamente com a sensação de nada ser tão mau como esperavam.

Os optimistas sofrem do problema contrário. Fazem um esforço enorme para baixar as expectativas mas não conseguem e estão sempre a ser desiludidos, sendo eles os únicos responsáveis pelas ilusões que contraprodutivamente acalentam.

Os optimistas, porém, comem melhor do que os pessimistas porque investem tempo e dinheiro à procura de boas experiências gastronómicas. Os pessimistas coerentes são preguiçosos e, por isso, estão sempre a comer mais ou menos mal.

Quando somos nós a convidar fazemos questão de avisar "não esperes grandes luxos" ou "é só um jantar de dia de semana". Gostamos sempre de impressionar os nossos amigos: "afinal era um banquete!"

Os ingleses dizem "don't get your hopes up". Na série Flight of the Conchords viam-se cartazes fictícios da Nova Zelândia como "New Zealand  Like Scotland, but further" e, a propósito, "New Zealand  Don't expect too much, you'll love it".

A publicidade quer prometer o paraíso na terra mas isso garantiria a decepção. No outro extremo, afirmar que é um inferno não convenceria ninguém a lá ir.

Este jogo de expectativas alastra para as relações humanas, sendo muito ampliado pela proliferação das redes sociais. O optimismo dos outros derrota-nos sem culpa nossa e o pessimismo dos outros condena-nos sem provas. Não há fuga.