Iniciativa para promover união em torno de Rio agita PSD

Proposta para as distritais se comprometerem com estratégia do líder recolhe assinaturas, mas também críticas.

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Salvador Malheiro integra a comissão política nacional do PSD e é líder da distrital de Aveiro Paulo Pimenta

A proposta serviria para tentar acalmar o PSD de Rui Rio, mas o efeito acabou por ser o de criar mais agitação no partido. Salvador Malheiro, vice-presidente e líder da distrital de Aveiro, enviou uma proposta de comunicado para os líderes das distritais em que pedia um compromisso em torno da estratégia do líder do PSD. De volta recebeu respostas positivas, mas outras nem tanto. Apesar de conseguir recolher assinaturas na maior parte do país, a iniciativa é vista como “um erro” e “um sinal de fraqueza” da liderança. As águas no PSD continuam agitadas.

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A proposta serviria para tentar acalmar o PSD de Rui Rio, mas o efeito acabou por ser o de criar mais agitação no partido. Salvador Malheiro, vice-presidente e líder da distrital de Aveiro, enviou uma proposta de comunicado para os líderes das distritais em que pedia um compromisso em torno da estratégia do líder do PSD. De volta recebeu respostas positivas, mas outras nem tanto. Apesar de conseguir recolher assinaturas na maior parte do país, a iniciativa é vista como “um erro” e “um sinal de fraqueza” da liderança. As águas no PSD continuam agitadas.

A carta é um draft de um comunicado sobre o qual é pedido aos líderes das distritais que se pronunciem até esta sexta-feira. O texto inicial que foi enviado, segundo o PÚBLICO apurou, exprime a surpresa dos dirigentes quanto às críticas que se fazem ouvir sobre a estratégia de Rui Rio e considera muito negativo a realização de um congresso extraordinário a um ano das eleições legislativas.

O texto desafia os líderes das distritais a caucionar a estratégia de Rui Rio eleito há nove meses para a liderança do PSD, no momento em que há sociais-democratas dispostos a recolher assinaturas para um congresso extraordinário para colocar em causa a actual direcção.

A ronda telefónica feita pelo próprio Salvador Malheiro aos líderes das distritais causou perplexidade entre os dirigentes. Há quem veja a iniciativa como um “erro”, “um sinal de fraqueza” da actual direcção, lembrando que as distritais assinaram posições conjuntas de união em torno de anteriores lideranças e que isso não impediu que lhes retirassem o apoio pouco tempo depois. Para outros, este tipo de iniciativas tem de partir das estruturas e não de alguém que faz parte da direcção. Outro dirigente lembra que é o próprio Rui Rio que tem responsabilidades na estratégia que encetou: “Quando o líder começar a fazer política para fora, o ruído vai acalmar”

Apesar das críticas, a maioria dos líderes das distritais deverá assinar a posição conjunta. No caso de Lisboa, Pedro Pinto não terá recebido a carta.

Em relação a Braga, o presidente da distrital, José Manuel Fernandes, assume que irá assinar a posição conjunta, que acha que faz sentido nesta altura. “Aquilo de que o país precisa é de um PSD forte e unido”, afirma o eurodeputado ao PÚBLICO. Resumindo o comunicado com a ideia de que é preciso “deixar o líder trabalhar e vamos todos ajudar”, José Manuel Fernandes considera que “Rui Rio tem qualidades que, se chegarem à opinião pública, vão traduzir-se em votos”. O eurodeputado acredita que “nem o PSD nem o país ganham nada com guerrilha interna”. E recusa ver a iniciativa como um erro: “Não há alternativa ao líder”.

Nas últimas semanas, o PSD tem estado envolto em polémica sobretudo por causa de divergências internas em torno da estratégia de liderança de Rui Rio. O mais recente episódio teve a ver com a reacção do líder do PSD a uma proposta do BE sobre a penalização fiscal da especulação imobiliária, que Rio disse “não ser disparatada”. A declaração gerou reparos dentro da própria comissão política nacional e levou a que Rui Rio tivesse de explicar melhor que a proposta do PSD seria a de agravar a taxa das mais-valias em caso de especulação imobiliária. As notícias do descontentamento na equipa de Rio levaram à divulgação de um comunicado em que se garantia que a direcção estava “globalmente coesa”, mas em que se acusava um elemento da própria comissão política nacional de passar informações à comunicação social com intenções de fazer “guerrilha partidária”.