Sair do sério

Se eu pudesse deixar só um conselho a toda a gente do mundo, sem excepção, seria este: tente não levar as coisas muito a sério.

Se eu pudesse deixar só um conselho a toda a gente do mundo, sem excepção, seria este: tente não levar as coisas muito a sério. Digo "tente" porque é excessivo pedir às pessoas para não levar as coisas muito a sério.

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Se eu pudesse deixar só um conselho a toda a gente do mundo, sem excepção, seria este: tente não levar as coisas muito a sério. Digo "tente" porque é excessivo pedir às pessoas para não levar as coisas muito a sério.

No entanto, tenho a certeza que é não levando as coisas muito a sério que se tem uma melhor oportunidade de ser menos infeliz e gastar melhor o tempo.

A seriedade das coisas é subjectiva e todos nos lembramos de sermos crianças e de ralharem connosco por não levarmos certas coisas a sério.

Infelizmente a cultura portuguesa é muito séria. Há uma permanente competição em que as pessoas tentam convencer as outras que levam certas coisas importantes mais a sério do que os adversários.

Isto leva a uma seriedade fraudulenta em que as pessoas fingem que são ainda mais sérias do que são - o que é uma loucura.

Na cultura irlandesa, na inglesa e, que eu saiba, na escocesa é considerada ridícula e triste a pessoa incapaz de deixar de ser séria. "Don´t take yourself too seriously" é mais um insulto do que um conselho amistoso.

Acho que o próprio sentido de humor depende do grau de seriedade. Não levar as coisas muito a sério implica flexibilidade e consciência da nossa subjectividade e da pobreza dos nossos recursos para determinar a verdade verdadeira das coisas e das pessoas.

É acrescentar, depois de uma afirmação muito sério, "mas isso sou só eu". É preciso muita prática porque o ser humano tende para achar que é o dono de duas ou três grandes verdades.

Esta, claro está, não foge à regra.