O primeiro peixe robot europeu é português. E faz o quê? Nada, claro

Desenvolvido pela portuguesa Sirius Robotics, o Infante já nasceu e pode ser colocado num aquário perto de ti. Além das características terapêuticas, o peixe robot proporciona mergulhos que não molham, graças à realidade virtual.

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Parece um peixe e comporta-se como um. Mas, se fosse aberto, em vez de espinhas encontraríamos cabos. Porque este peixe, apesar de ter nome — Infante —, não é um peixe normal, é um robot. Para além de ser o primeiro peixe robot da Europa, tem assinatura portuguesa: foi desenvolvido pela Sirius Robotics, uma empresa de robótica sediada no Algarve.

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Parece um peixe e comporta-se como um. Mas, se fosse aberto, em vez de espinhas encontraríamos cabos. Porque este peixe, apesar de ter nome — Infante —, não é um peixe normal, é um robot. Para além de ser o primeiro peixe robot da Europa, tem assinatura portuguesa: foi desenvolvido pela Sirius Robotics, uma empresa de robótica sediada no Algarve.

Ao P3, o director de marketing da empresa, João Carvalho, explica que o Infante “conjuga o entretenimento com a terapia”. “Há um efeito relaxante quando vemos um peixe num aquário. O peixe robot tem movimentos fluidos e comporta-se de forma autónoma, por isso, se estiver num aquário numa sala de espera, por exemplo, vai proporcionar uma sensação terapêutica e de relaxamento”, refere. O Infante está equipado com sensores e inteligência artificial, o que lhe permite nadar autonomamente num aquário, como se fosse um peixe verdadeiro, reagindo aos obstáculos.

“As pessoas perguntam o que é que o peixe robot faz. A coisa mais simples é que nada”, refere João Carvalho. E continua: “É um robot que está debaixo de água. Só isso é um feito tecnológico muito grande.” Mas o Infante pode levar a experiência mais além. Como? Através de um capacete de realidade virtual e de uma aplicação no telemóvel. O director de marketing da Sirius explica: “Através do capacete conseguimos ver o que o peixe está a ver e podemos comandar os seus movimentos, se assim quisermos, através da aplicação.” Caso contrário, podemos deixar o Infante navegar à vontade e viajar na sua cabeça.

Esta característica revela-se útil em situações de exploração de ecossistemas, por exemplo. “Veja-se o caso da Ria Formosa, onde há uma grande comunidade de cavalos-marinhos. Com o peixe robot, podemos ver a fauna e a flora em primeira mão, mas sem molhar um fio de cabelo e sem provocar o impacto que um humano normalmente provoca, porque o Infante é um peixe”, afirma João Carvalho. O director de marketing da empresa de robótica assegura que o Infante não provoca reacções adversas nos outros peixes, que “não o temem, nem se afastam”. Pelo contrário, “convivem com ele como com outro ser marinho qualquer.”

O Infante veio responder a uma lacuna existente na Europa. “Ao longo dos anos fomos dando conta que tanto a robótica de consumo — a que podemos levar para casa e, sem qualquer noção de robótica, utilizar —, como a robótica mais avançada, quase não existem na Europa”, refere João Carvalho. Assim, o peixe robot é uma “solução” para um público que não está habituado a conviver com a robótica. “Queremos universalizar a robótica”, refere.

Para trazer o peixe robot para o mercado europeu, a Sirius contou com parceiros americanos e asiáticos, entre os quais os sul-coreanos da Airo. É nesta empresa — que produz robots subaquáticos — que o Infante é desenvolvido, de acordo com as especificações delineadas pela Sirius. “É o mesmo que pensarmos numa empresa que produz telemóveis: é a empresa que desenha e concebe o conceito, mas não é ela que produz tudo, porque isso é impraticável”, explica João Carvalho.

Artigo actualizado às 23h18 de 20 de Julho de 2018