O casamento faz bem ao coração, sugere artigo científico

De acordo com um artigo de revisão, as pessoas casadas têm menos probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares.

Foto
Unsplash/ Colin Maynard

As pessoas casadas podem ter menos probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares ou morrer de um ataque cardíaco ou AVC, sugere um artigo de revisão.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

As pessoas casadas podem ter menos probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares ou morrer de um ataque cardíaco ou AVC, sugere um artigo de revisão.

Os investigadores examinaram dados de 34 estudos que incluíam mais de dois milhões de pessoas. No geral, descobriram que em comparação com pessoas casadas, adultos que eram divorciados, viúvos ou nunca casados tinham mais 42% de hipótese de desenvolver doenças cardiovasculares e 16% mais propensos a desenvolver uma doenças das artérias coronárias.

Pessoas solteiras também tinham mais 43% de hipótese de morrer de doenças cardíacas e mais 55% de probabilidade de morrer de AVC, relatam os investigadores na revista Heart. Todos os estudos da presente análise foram publicados entre 1963 e 2015 e incluíam pessoas com idades entre os 42 e 77 anos, da Europa, América do Norte, Médio Oriente e Ásia.

Embora o estudo não tenha sido uma experiência controlada para provar se ou como o casamento pode ajudar a melhorar a saúde cardíaca, há muitas razões para este estado civil ter um efeito protector, incluindo o facto de as pessoas terem uma maior estabilidade financeira e apoio social, justifica o investigador principal, Mamas Mamas, da Universidade de Keele no Reino Unido.

"Por exemplo, é bem sabido que os doentes são mais propensos a tomar medicamentos importantes após um acidente como um ataque cardíaco ou um AVC, se forem casados, talvez por causa da pressão conjugal", diz Mamas por e-mail, citado pela Reuters. "Da mesma forma, são mais propensos a participar na reabilitação, que melhora os resultados após AVCs ou ataques cardíacos."

Foto

Ter um parceiro por perto também pode ajudar os pacientes a reconhecer sintomas precoces de doenças cardíacas ou o início de um ataque cardíaco, acrescenta o investigador.

O divórcio foi associado com mais 33% de hipótese de morte por doença cardíaca coronária e mais do dobro do risco de morte por AVC, conclui o estudo. Os homens e as mulheres que se divorciaram também eram 35% mais propensos a desenvolver doenças cardíacas do que pessoas casadas.

Enquanto isso, as viúvas tinham mais 16% de hipótese de ter um AVC do que os as casadas, mas não pareciam ter um maior risco de ataques cardíacos.

Embora investigações anteriores tenham ligado o casamento a melhores resultados para doentes com problemas cardíacos, o estudo actual oferece novas provas do risco para pessoas solteiras por diferentes razões, diz Brian Chin, investigador na área da psicologia da Universidade Carnegie Mellon, na Pensilvânia, que não esteve envolvido no estudo.

"Dado que o trabalho anterior sugeria que os benefícios do casamento para a saúde são significativamente mais fortes para os homens do que para as mulheres, é especialmente surpreendente que este estudo não tenha encontrado diferenças entre homens e mulheres", diz Chin por e-mail.

As relações de género ainda pode desempenhar um papel nos diferentes resultados para os doentes casados e não casados, escreve no editorial Stefania Basili, da Universidade Sapienza de Roma, acompanhada por alguns colegas. "Uma leque amplo de factores comportamentais, processos psicossociais e factores pessoais e culturais podem criar, suprimir ou amplificar as diferenças biológicas subjacentes nas doenças cardiovasculares", escrevem.

As limitações do estudo incluem a falta de dados sobre casais do mesmo sexo ou a qualidade das relações conjugais, observam os pesquisadores. É possível que pessoas solteiras não cuidem tão bem da saúde do coração quanto indivíduos casados, diz Mamas.

Independentemente do estado civil, as pessoas podem reduzir o risco com um estilo de vida saudável, não fumando e fazendo exames físicos regulares, acrescenta Mamas. O exercício também é importante.

"Costumo aconselhar os casais a fazerem exercício físico juntos, porque assim têm mais probabilidade de ganharem o hábito", acrescenta Mamas. "Vão ao ginásio, corram ou pedalem juntos – fazer actividade juntos fortalece a relação e melhora a saúde cardiovascular de ambos os parceiros", termina.

Foto
Atlas Green/ Unsplash