Sonhadores de Ontem e de Hoje

Vinte e cinco jovens da Associação Desportiva de Taboeira que aprendem a ser campeões dentro e fora do relvado.

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Com a liberdade que Abril de 74 trouxe a Portugal, o direito de associação explodiu. Por todo o lado foram fundadas associações de bairro, de cultura, de desporto, de festas. Os amigos que ao fim-de-semana se encontravam junto ao rio Vouga, num campo de pasto magicamente transformado em campo de futebol, decidiram receber a liberdade da melhor forma. Fundaram a ADT, Associação Desportiva de Taboeira.

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Com a liberdade que Abril de 74 trouxe a Portugal, o direito de associação explodiu. Por todo o lado foram fundadas associações de bairro, de cultura, de desporto, de festas. Os amigos que ao fim-de-semana se encontravam junto ao rio Vouga, num campo de pasto magicamente transformado em campo de futebol, decidiram receber a liberdade da melhor forma. Fundaram a ADT, Associação Desportiva de Taboeira.

Do campo de pasto ao relvado sintético, vai uma longa história. Como todas as boas histórias, também a ADT teve os seus bons e os seus maus momentos. Mas a carolice inicial e o apego ao emblema, ajudaram a transformar o Taboeira numa referência nacional e internacional. De segunda a domingo, 500 crianças e jovens, entre os três e os 19 anos, correm atrás de uma bola. Transpiram. Esforçam-se. Gritam. Ajudam-se.  Comemoram. Choram. Aprendem. Sonham. E depois, têm sempre o treinador ao seu lado. Que lhes ensina a rematar o mais longe possível. Para o futuro. Com ou sem bola. Rematar por uma vida feliz.

Quando vemos o Pepa, treinador do Tondela, lembramo-nos que foi treinador do Taboeira. Quando falamos de Bruno Seco, seleccionador nacional de Futebol de Rua, temos de falar do Taboeira. Quando admiramos o Ricardo Guimarães do Sporting, o Francisco Ferro do Benfica ou o Kiko do V. Guimarães, lembramo-nos que foi no Taboeira que marcaram um golo pela primeira vez. E o futebol é como o vinho. Existem anos em que a colheita é excelente. Aparecem os craques. E vingam. Mas existem também os outros craques. Que vão ser engenheiros, médicos, mecânicos, contabilistas, empresários, pedreiros, operários, juízes, agricultores. E no rectângulo verde que já foi amarelo, todos são campeões. Todos torcem para o mesmo lado. E nada melhor do que o abraço colectivo e espontâneo para festejar o golo impossível. Talvez eles não saibam, mas aquele abraço tonifica o cérebro e reforça o coração.

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A sala de troféus do Taboeira está cheia de vitórias desde 1991. Se cada taça falasse, tínhamos muita emoção na pele. Foram crianças e jovens que as ergueram. Todos contribuíram. Muitas vezes em situações difíceis. Mas foram todos. Naquelas estantes estão gerações de sonhadores. Uma história de bravura. E se nas últimas semanas muita água podre correu por debaixo das pontes do futebol de milhões, podemos e devemos admirar a chuteira número 35 ou o equipamento XS. Aqueles são os genuínos futebolistas. Pequenos em estatura mas grandes em inocência. A bola é uma diversão.

Na porta de entrada do complexo está escrito “Mais que um clube, uma paixão!”. Também é possível amar uma bola. Um símbolo. Um punhado de relva. E quando as coisas são feitas com amor, não são perfeitas mas são substancialmente melhores. Talvez aí resida o segredo da ADT. Um segredo contado a todos os que entram pela porta grande. 

O campo de pasto pertencia à condessa de Taboeira. Uma amiga íntima de Salazar. Salazar era visita regular da casa apalaçada da condessa. Hoje está em ruínas. Ao lado, onde se plantava trigo e batatas, são agora os relvados do Taboeira. Relvados novos em folha. A maioria dos atletas, não devem saber que o ditador pisou aquelas terras de braço dado com a condessa. Também não importa. Os sonhadores de 74 remataram tão alto que o céu os ouviu e lhes mandou a Liberdade.

Aqui ficam os retratos de outros 25 sonhadores. Sejam todos felizes!