Rio desautoriza bancada do PSD na demissão do ministro da Saúde

Deputado social-democrata esperava “demissão aqui e agora” do governante, vice da bancada assegura que foi só sugestão.

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Foi uma manhã agitada no PSD depois de um deputado assumir no Parlamento que esperava a demissão do ministro da Saúde “aqui e agora” e de Rui Rio vir dizer que as “demissões dependem do primeiro-ministro” e que “não é o seu estilo” pedir a saída de ministros. O vice-presidente da bancada Adão Silva viu-se obrigado a esclarecer: afinal, o PSD “não pediu a demissão do ministro” mas apenas “sugeriu”.

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Foi uma manhã agitada no PSD depois de um deputado assumir no Parlamento que esperava a demissão do ministro da Saúde “aqui e agora” e de Rui Rio vir dizer que as “demissões dependem do primeiro-ministro” e que “não é o seu estilo” pedir a saída de ministros. O vice-presidente da bancada Adão Silva viu-se obrigado a esclarecer: afinal, o PSD “não pediu a demissão do ministro” mas apenas “sugeriu”.

Num debate marcado pelo PCP sobre o Serviço Nacional de Saúde, Ricardo Batista Leite, deputado e porta-voz do Conselho Estratégico Nacional do PSD para a Saúde, responsabilizou o ministro Adalberto Campos Fernandes pelo “descalabro” no sector.  

“O senhor ministro falou da importância da seriedade na política. Face ao descalabro em que está instalado o Serviço Nacional de Saúde, a única atitude séria que se podia esperar do senhor ministro da saúde era a sua demissão hoje, aqui e agora”, afirmou Ricardo Batista Leite, citado pela Lusa.

O líder do PSD Rui Rio, que está em iniciativas partidárias em Beja, confrontado com o pedido de demissão – noticiado por vários órgãos de comunicação social – disse não ter visto o debate, mas que “as demissões dependem do primeiro-ministro”, segundo a Lusa.  Questionado sobre se o PSD não pode pedir a demissão de um ministro, Rio respondeu: “Pode, mas não é propriamente o meu estilo”.

O PÚBLICO sabe que Rio mostrou muito incómodo com as notícias em torno do pedido de demissão mas que essa foi a indicação dada pelo vice-presidente da bancada Adão Silva ao deputado para a sua intervenção no plenário. Ao Expresso, Ricardo Batista Leite admitiu que o pedido de demissão não estava escrito mas que foi “validado” dentro do grupo parlamentar. Contactado pelo PÚBLICO e questionado sobre se foi dada a indicação por Adão Silva e se isso foi coordenado com o líder do partido, o deputado escusou-se a fazer comentários.

Com os jornalistas à espera que o líder parlamentar Fernando Negrão saísse do plenário para o confrontar com as declarações, foi Adão Silva que veio dar a cara pela situação, garantindo que não houve um pedido mas sim uma sugestão para que se demitisse. “Não pedimos [a demissão] mas sugerimos que deve estar a repensar o seu lugar no Governo”, disse o deputado, sugerindo que a responsabilidade é da comunicação social: “A conversão da sugestão em ideia de imperativa não foi nossa”.

O vice-presidente da bancada assegurou não haver qualquer descoordenação com o líder do PSD. “Estamos sincronizados com o dr. Rui Rio”, afirmou.

Após o debate no plenário, o ministro da Saúde comentou aos jornalistas a intervenção do PSD, interpretando-a como um pedido de demissão. E o governante não poupou o porta-voz social-democrata: “Como reparou, o senhor deputado [Batista Leite] estava em campanha. No final da intervenção fez apelo ao voto no PSD”. E questionou: “Acha que é para levar a sério um deputado que faz do hemiciclo uma sala de comício?”