Guião do futuro Museu de Peniche já foi entregue ao ministro da Cultura

Museu Nacional da Resistência e da Liberdade já tem um guião de conteúdos. A museografia irá agora ser trabalhada pela equipa que vencer o concurso público.

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O ministro da Cultura cumprimenta Domingos Abrantes José Pedro Soares na presença de Domingos Abrantes LUSA/ANDRÉ KOSTERS

A operação de recuperação da Fortaleza de Peniche, que já foi uma prisão política além de estar classificado como monumento nacional, deu nesta sexta-feira mais um passo com a entrega do “guião para os conteúdos” do futuro Museu Nacional da Resistência e Liberdade ao ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes. O acto, simbólico, teve lugar esta manhã no Palácio da Ajuda, em Lisboa, exactamente um ano depois de um conselho de ministros especial ter decidido em Peniche criar aquele que será o décimo-quinto museu nacional, tutelado pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), e coincidindo com o dia 27 de Abril, data em que os presos políticos foram libertados de uma das mais famosas prisões políticas do Estado Novo, dois dias depois da Revolução de Abril de 1974 que pôs fim à ditadura.

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A operação de recuperação da Fortaleza de Peniche, que já foi uma prisão política além de estar classificado como monumento nacional, deu nesta sexta-feira mais um passo com a entrega do “guião para os conteúdos” do futuro Museu Nacional da Resistência e Liberdade ao ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes. O acto, simbólico, teve lugar esta manhã no Palácio da Ajuda, em Lisboa, exactamente um ano depois de um conselho de ministros especial ter decidido em Peniche criar aquele que será o décimo-quinto museu nacional, tutelado pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), e coincidindo com o dia 27 de Abril, data em que os presos políticos foram libertados de uma das mais famosas prisões políticas do Estado Novo, dois dias depois da Revolução de Abril de 1974 que pôs fim à ditadura.

O guião foi entregue por Paula Silva, directora-geral do Património, presidente da Comissão de Instalação dos Conteúdos e da Apresentação Museológica (CICAM), na presença de presos políticos como Domingos Abrantes ou José Pedro Soares, que integram igualmente a comissão, e é ainda composta por membros da câmara municipal de Peniche e por vários historiadores, entre os quais Fernando Rosas, que está na dupla qualidade de especialista e preso político.

O ministro prometeu que no próximo ano, no mesmo dia 27 de Abril, estará a inaugurar parte do Museu de Peniche, “nem que seja só uma parte”, acrescentado que decorre “já a análise pelo júri das 22 propostas de equipas de arquitectura, que será conhecida a breve prazo”, num concurso dirigido aos projectistas que foi lançado no início do ano. Embora as equipas de arquitectura já tenham entregue as suas propostas, são estes conteúdos delineados pela CICAM que “irão guiar a equipa de projecto vencedora, que será conhecida a breve prazo, em diálogo com a Direcção-Geral do Património Cultural, na definição da museografia”.

No Palácio da Ajuda, Paula Silva anunciou também o lançamento de um site, concebido pela DGPC, em que se apela “a todos aqueles que queiram dar contributos para a memória do museu”. “Apelamos ao seu testemunho”, "[conte] a sua história", lê-se no ecrã do site apresentado no Palácio da Ajuda, que ficará disponível ao longo do dia de hoje.

O primeiro núcleo descrito pelo guião é dedicado ao Parlatório, a área em que as famílias se encontravam com os presos durante as visitas, que hoje já é possível visitar no actual Museu Municipal de Peniche e se encontra logo à entrada da fortaleza. Com o novo guião, a comissão quer "salientar as condições em que decorriam as visitas no plano humano, auditivo, de vigilância e repressivo", nomeadamente mostrando "a forma persecutória" como os guardas actuavam, aplicando o regulamento da cadeia, e impondo por vezes castigos que podiam significar a suspensão das visitas. O futuro museu quer incluir, por exemplo, "testemunhos de conflitos presenciados por crianças, hoje adultos", bem como "relatos de lutas pela humanização das visitas contra a arbitraridade dos carcereiros".