Bloco quer ouvir Governo sobre despejos em prédios da Fidelidade

Bloquistas querem ouvir que medidas pretende o Governo tomar para "proteger" as famílias que podem vir a ser despejadas de prédios que pertencem à seguradora Fidelidade, em Loures.

Foto
Nuno Ferreira Santos

O Bloco de Esquerda quer que o Governo dê respostas sobre a situação dos despejos de cerca de 150 famílias em Loures e, por isso, enviou duas perguntas ao Ministério das Finanças. Os bloquistas querem saber se o Governo tem conhecimento do “plano de reconfiguração do portfólio imobiliário da Fidelidade” (proprietária dos prédios) e das “consequências sociais e económicas que resultarão da venda dos edifícios residenciais”. 

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Bloco de Esquerda quer que o Governo dê respostas sobre a situação dos despejos de cerca de 150 famílias em Loures e, por isso, enviou duas perguntas ao Ministério das Finanças. Os bloquistas querem saber se o Governo tem conhecimento do “plano de reconfiguração do portfólio imobiliário da Fidelidade” (proprietária dos prédios) e das “consequências sociais e económicas que resultarão da venda dos edifícios residenciais”. 

Há duas semanas, mais de uma centena de famílias que residem em prédios pertencentes à companhia de seguros Fidelidade, em Santo António dos Cavaleiros, começaram a notificados de que os seus contratos de arrendamento não serão renovados. Assim, em 2020, os moradores teriam de entregar as chaves das casas onde vivem, nalguns casos, há mais de 30 anos. Depois disso, temem não conseguir uma alternativa face aos preços altos actuais das casas no mercado de arrendamento.

Por isso, os moradores mobilizaram-se para tentar travar o que dizem ser um despejo colectivo que poderá afectar cerca de 150 famílias e mais de 400 moradores. 

Soube-se em Janeiro de 2014 que a Fidelidade, seguradora da Caixa Geral de Depósitos, tinha sido vendida ao grupo chinês Fosun. No final do ano passado, a Fidelidade anunciou querer "reforçar a solidez" da empresa com a venda de 277 imóveis em todo o país.

“Estima-se que a seguradora – e por consequência o conglomerado chinês – ganhe 400 milhões de euros com a recomposição da carteira imobiliária, enquanto despeja milhares de pessoas. Tais despejos constituem um ataque social e económico às famílias”, criticam as deputadas bloquistas Mariana Mortágua e Isabel Pires. 

No documento enviado ao executivo, as deputadas ainda que “a acrescer ao dano que a privatização da Fidelidade fez e continua a fazer aos resultados da Caixa Geral de Depósitos, a seguradora é ainda responsável pelo despejo futuro de pelo menos 158 famílias”. E exigem saber que medidas considera o Governo tomar de forma a “proteger o interesse das famílias” que poderão ficar desalojadas.

Numa resposta escrita enviada à Agência Lusa, a Fidelidade desmentiu os despejos e explicou que no imóvel de Santo António dos Cavaleiros, dos 43 arrendamentos vigentes, foram enviadas apenas seis cartas de oposição à renovação em contratos mais recentes e que se prevê o envio de outras três.

“Não foi dirigida qualquer comunicação a inquilinos mais antigos. Importa notar que alguns destinatários das referidas cartas já nos comunicaram que pretendem sair antes do final do contrato”, notou a seguradora. Na mesma nota, a Fidelidade referiu que, só no distrito de Lisboa, tem cerca de 1.700 inquilinos e que apenas uma pequena parte dos contratos são mais recentes e de acordo com a nova legislação.