Presidentes de junta à espera de Rui Moreira

Uma semana depois de terem escrito uma carta, os autarcas insistem na falta de apoio por parte do município e avisam que só estão disponíveis para reunir-se com o presidente da Câmara do Porto.

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Rui Moreira na companhia do presidente da Junta do Centro Histórico do Porto ADRIANO MIRANDA / PUBLICO

Uma semana depois dos sete presidentes de junta de freguesia do Porto terem solicitado uma reunião ao presidente da câmara, Rui Moreira ainda não convocou os autarcas para debater com eles duas questões que consideram cruciais: descentralização de competências e aumentar as dotações financeiras atribuídas às freguesias.

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Uma semana depois dos sete presidentes de junta de freguesia do Porto terem solicitado uma reunião ao presidente da câmara, Rui Moreira ainda não convocou os autarcas para debater com eles duas questões que consideram cruciais: descentralização de competências e aumentar as dotações financeiras atribuídas às freguesias.

Numa carta enviada a Rui Moreira, os presidentes de junta, cinco dos quais eleitos pelo Movimento Independente Rui Moreira é o Nosso  Partido, agora convertido em associação cívica, queixam-se da forma pouco colaborativa como “toda a estrutura da câmara” se relaciona com as juntas, para além de denunciarem a “falta de apoio institucional” por parte da câmara municipal.

O PÚBLICO falou nesta quarta-feira com vários presidentes de junta e todos garantiram que Rui Moreira se mantem em silêncio em relação ao pedido de uma reunião que os autarcas lhe fizeram numa longa carta que lhe escreveram há dias e na qual carta assumem que “urge redefinir a delegação de competências, por via dos contratos inter-administrativos e dos acordos de execução”.

“Gostaríamos de lhe transmitir o sentimento de dificuldade de diálogo entre as juntas de freguesias por nós representadas e a estrutura da câmara municipal por si presidida. Sentimos falta de momentos de reunião, sentimos falta de apoio institucional, sentimos alguma indiferença da parte da estrutura que dirige em relação ao nosso papel enquanto presidentes de junta”, lê-se na carta.

“Os presidentes de junta do Porto querem aproveitar a janela de oportunidade que existe no âmbito da descentralização para corrigir as dotações financeiras atribuídas às freguesias”, declarou ao PÚBLICO um autarca, que deixou claro que os presidentes de junta “não aceitarão ser recebidos por segundas linhas. “Só estamos disponíveis para reuniões com o presidente da Câmara do Porto”, deixou claro um outro autarca, que apela a Rui Moreira para receber os presidentes de junta que “estão inquietos”.

Ao que o PÚBLICO conseguiu apurar, os cinco presidentes de junta, eleitos pelo movimento independente Rui Moreira: Porto, o Nosso Partido, terão sido convocados para uma reunião para esta quarta-feira, mas que a mesma teria sido adiada para esta quinta-feira. De fora da convocação ficaram os presidentes das junta de freguesia de Campanhã, Ernesto Santos (reeleito pelo PS, e Alberto Machado (eleito para um novo mandato à frente da Junta de Freguesia de Paranhos).

 O PÚBLICO contactou a Câmara do Porto no sentido de saber se a reunião solicitada pelos presidentes de junta a Rui Moreira teria sido agendada, mas até ao momento, o gabinete de imprensa da Câmara do Porto não deu qualquer resposta.

“O silêncio do senhor presidente da câmara não é nada confortável para nós”, disse ao PÚBLICO um presidente de junta, acrescentando que o que “está a acontecer com os presidentes de junta é inédito pela primeira vez na história das eleições livres”.

O PÚBLICO contactou também, sem sucesso, Francisco Ramos, o ex-social-democrata que apoiou Rui Moreira para a câmara  e que agora integra a Associação Porto, o Nosso Movimento, criada no final do ano passado por personalidades ligadas às candidaturas independentes do actual presidente da Câmara do Porto.