Ministro do Interior demite-se por homicídio de jornalista

Robert Kalinak diz que sai para garantir a sobrevivência do Governo. Decisão surge após as maiores manifestações em décadas na Eslováquia.

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O ministro do Interior e vice-primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Kalinak, apresentou nesta segunda-feira a demissão na sequência do homicídio do jornalista Jan Kuciak e da sua namorada, Martina Kusnirova. Kalinak diz que sai de cena para manter a estabilidade do Governo de coligação tripartidária.

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O ministro do Interior e vice-primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Kalinak, apresentou nesta segunda-feira a demissão na sequência do homicídio do jornalista Jan Kuciak e da sua namorada, Martina Kusnirova. Kalinak diz que sai de cena para manter a estabilidade do Governo de coligação tripartidária.

Três dias depois de se terem realizado as maiores manifestações em décadas na capital, Bratislava (estima-se que cerca de 50 mil pessoas saíram à rua), Kalinak marcou uma conferência de imprensa justificando a decisão com a manutenção do executivo liderado pelo social-democrata Robert Fico.

Nos últimos dias, o partido Most Hid, da minoria húngara e que faz parte da coligação governamental, tinha exigido a demissão do ministro para manter a sobrevivência do Governo.

“É importante manter a estabilidade, por isso decidi demitir-me do cargo de vice-primeiro-ministro e ministro do Interior”, afirmou, citado pela Reuters.

A pressão sobre Kalinak surgiu pelo seu papel como ministro do Interior e por ter sob sua alçada a actuação da polícia, devido à investigação à morte do jornalista no final de Fevereiro.

No passado, diz a Reuters, Kuciak tinha também escrito sobre um empresário acusado de fuga aos impostos que tinha ligações ao ministro. Jan Kuciak fazia uma série de artigos sobre ligações de empresários italianos suspeitos de estarem relacionados com a ’Ndrangheta, a máfia calabresa, com figuras do Governo. Martina Kusnirova e Jan Kuciak foram abatidos com um tiro na nuca em casa, numa altura em que este último estava a finalizar um artigo sobre estas ligações.

O procurador da região da Calábria, Nicola Gratteri, afirmou em entrevista à rádio italiana que “é provável que as famílias da máfia calabresa estejam por trás do homicídio”, do jornalista eslovaco.