Governo e Fenprof com contas diferentes sobre custo do descongelamento

"Há uma coisa com a qual a Fenprof não gosta de lidar, que é com a mentira”, afirmou Mário Nogueira a propósito das contas apresentadas pelo Governo.

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Contas apresentadas pela Fenprof são onferiores em 900 milhões às feitas pelo Governo Ricardo Lopes

O Governo prevê que o descongelamento da carreira dos professores custe 1.477 milhões de euros até 2023, mas a Federação Nacional de Professores (Fenprof) aponta para uma despesa inferior a 900 milhões de euros, afirmando que esta diferença paga metade da recuperação salarial.

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O Governo prevê que o descongelamento da carreira dos professores custe 1.477 milhões de euros até 2023, mas a Federação Nacional de Professores (Fenprof) aponta para uma despesa inferior a 900 milhões de euros, afirmando que esta diferença paga metade da recuperação salarial.

“Dizem que só em descongelamento vão gastar 1.477 milhões. Não é verdade. Nem chega a 900 milhões nestes anos todos. O Governo gasta menos 600 a 700 milhões do que aquilo que diz que gasta. (...) Se o Governo fizer as contas com seriedade, o dinheiro que eles dizem que têm só para o descongelamento dá para isso e para a nossa proposta” sobre a recuperação do tempo de serviço para efeitos de progressão, disse nesta sexta-feira o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, em declarações aos jornalistas.

Mário Nogueira falava depois da entrega do pré-aviso de greve no Ministério da Educação, para a paralisação de professores agendada para o período entre 13 e 16 de Março, para contestar as propostas e os resultados das negociações com o Governo até ao momento.

Na última ronda negocial, realizada nesta quarta-feira, o Governo entregou aos sindicatos uma proposta que prevê a recuperação de apenas dois anos e 10 meses de tempo de serviço dos nove anos, quatro meses e dois dias reclamados pelos professores.

Os números da despesa com o descongelamento das carreiras e recuperação do tempo de serviço que a Fenprof contestou nesta sexta-feira foram apresentados pela secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, e pela secretária de Estado da Administração e Emprego Público, Fátima Fonseca, numa reunião com os sindicatos da educação para negociar a recuperação do tempo de serviço congelado aos professores.

Dinheiro gasto com "incompetentes"

Num documento apresentado aos sindicatos e depois distribuído aos jornalistas, o Governo aponta que só o descongelamento das carreiras, sem contabilizar a recuperação do tempo de serviço congelado, custe até 2023 um total de 1.477 milhões de euros face a 2017, mas as contas que a Fenprof fez, e que hoje divulgou, apontam para uma despesa inferior a 900 milhões de euros.

A diferença entre os dois valores, disse Mário Nogueira, já pagaria cerca de metade daquilo que o Governo estimou ser o custo da proposta dos sindicatos para a recuperação do tempo de serviço congelado: 1.154 ME até 2023.

“Podemos discordar todos uns dos outros, no plano do que cada um defende podemos ter opiniões distintas, agora há uma coisa com a qual a Fenprof não gosta de lidar, que é com a mentira”, disse Mário Nogueira, acusando a tutela de “mentir para ganhar vantagem nesta discussão e, sobretudo, para tentar manipular a opinião pública contra os professores fazendo crer que há uma despesa que não é verdadeira”.

“O dinheiro que gastamos com estes incompetentes que fazem propostas daquelas, com esta gente que vive aqui pendurada nos corredores do Governo e do poder, com esses inúteis que encontramos por aí, por comparação o que gastam com os professores é muito pouco, porque os professores estão a trabalhar para o futuro do país e a maior parte dessa gente está a trabalhar para destruir o país”, disse Mário Nogueira.