Quarenta organizações entregam ao Governo proposta de Estatuto do Cuidador Informal

Entre as medidas propostas, estão a "informação e formação do cuidador informal" e apoios sociais para os que despendem "uma carga horária significativa na prestação de cuidados".

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MARIA JOAO GALA

A Plataforma Saúde em Diálogo entregou ao Ministério da Saúde uma proposta de Estatuto do Cuidador Informal, que visa assegurar "um conjunto de direitos e garantias" para quem cuida voluntariamente de uma criança, jovem ou adulto dependente.

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A Plataforma Saúde em Diálogo entregou ao Ministério da Saúde uma proposta de Estatuto do Cuidador Informal, que visa assegurar "um conjunto de direitos e garantias" para quem cuida voluntariamente de uma criança, jovem ou adulto dependente.

A proposta, a que a Lusa teve acesso, define "políticas inovadoras" de apoio às famílias, às redes de vizinhança e a outras redes sociais de suporte, incentivando o cuidado de pessoas nas suas casas, com vista à melhoria da qualidade de vida da pessoa com dependência e do seu cuidador informal.

"É um trabalho que foi feito de uma forma muito cuidada", que abrange "uma série de aspectos" e define as funções, os direitos e os deveres dos cuidadores informais, disse à agência Lusa a presidente da Plataforma Saúde em Diálogo, que reúne 40 organizações de saúde.

Entre as medidas propostas, adiantou Rosário Zincke, estão a "informação e formação do cuidador informal" e apoios sociais para os que despendem "uma carga horária significativa na prestação de cuidados".

A plataforma propõe também que o cuidador informal seja avaliado pela pessoa a quem presta cuidados, sempre que seja possível, e pelo organismo do Estado que tutele a rede de cuidadores informais que a plataforma preconiza.

"O cuidador pode ter muito boa vontade, pode ser uma pessoa dedicada, mas precisa adquirir determinados conhecimentos e ferramentas, daí que se fale na informação e na formação", explicou Rosário Zincke.

"O acto de cuidar é sempre algo desgastante"

Por outro lado, "o acto de cuidar é sempre algo desgastante" sendo por isso "muito importante" avaliar se o cuidador está em condições de prestar cuidados ou "se não é ele próprio a precisar de cuidados, nomeadamente de apoio psicológico ou de soluções de alívio".

A proposta defende que deve ser garantido o bem-estar físico e mental do cuidador, através de medidas que promovam o seu descanso e o seu regular revezar por outro cuidador da rede de cuidadores informais da comunidade.

Também deve ter direito a uma "baixa médica prolongada" para assistência ao doente sinalizado pelas redes de cuidados continuados integrados e de cuidados paliativos.

A Assembleia da República discute na sexta-feira um projecto de resolução do CDS-PP que recomenda ao Governo a criação do Estatuto do Cuidador Informal até Junho.

Para Rosário Zincke, "é urgente" criar este estatuto: "Imagine que todos os cuidadores informais faziam greve, se recusavam a prestar os cuidados informais que têm vindo a prestar sem qualquer tipo de apoio ou reconhecimento? Eu penso que seria o caos".

"Mesmo que se estejam a preconizar medidas que custem dinheiro parece-nos urgente e imprescindível que se reconheça o estatuto do cuidador informal porque eles são uma peça chave na rede e no percurso de cuidados", defendeu.

Rosário Zincke lembrou que "o peso dos cuidados informais é muito grande", assim como "é muito grande" o número de cuidadores informais que "abdica da sua própria vida" para tomar conta de alguém.

"Têm que ser reconhecidos sob pena de deixarmos de ter cuidados informais", advertiu.

A proposta tem como "objectivo maior" dar "definição e identidade a essa legião de pessoas que, de forma invisível, para a sociedade e para o Estado, contribui para a dignidade de vidas limitadas pela dependência".