O carisma das fadas à hora do chá

O edifício que quase passa despercebido numa rua pouco movimentada de São João da Madeira já foi fábrica de calçado, loja de artigos desportivos e escola de ballet. Agora é um salão de chá de décor singular apostado em energias positivas.

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Ao passear pela rua, talvez se repare que aquele edifício tem umas linhas engraçadas, mas dificilmente se perceberá que o seu interior acolhe um salão de chá. O nome do estabelecimento também não ajuda: chama-se Espaço Paz e, embora a referência a tranquilidade se venha a revelar ajustada, à primeira audição remete apenas para algo como uma loja de artigos zen sem grandes pretensões de singularidade. Mas ignore-se a insipidez da designação oficial, esqueça-se a fachada tornada inconspícua pela ausência de esplanadas ou grandes néons, avance-se com segurança através da porta modesta e, poucos passos depois, tudo estará explicado.

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Ao passear pela rua, talvez se repare que aquele edifício tem umas linhas engraçadas, mas dificilmente se perceberá que o seu interior acolhe um salão de chá. O nome do estabelecimento também não ajuda: chama-se Espaço Paz e, embora a referência a tranquilidade se venha a revelar ajustada, à primeira audição remete apenas para algo como uma loja de artigos zen sem grandes pretensões de singularidade. Mas ignore-se a insipidez da designação oficial, esqueça-se a fachada tornada inconspícua pela ausência de esplanadas ou grandes néons, avance-se com segurança através da porta modesta e, poucos passos depois, tudo estará explicado.

Como acontecia à Alice após rodar a chave numa fechadura, também aqui há a surpresa de um mundo paralelo: todo o piso superior do edifício é um amplo espaço de pé direito imponente e, sobre o soalho de madeira que ainda há poucos anos acolhia aulas de ballet com 50 bailarinas, distribuem-se hoje seis áreas de estar distintas, que dispensaram o simplismo de paredes e as substituíram por adereços como estantes de livros, biombos de madeira branca suspensos do ar ou baloiços seguros por corda entrançada com flores de tecido.

Os detalhes cuidados abundam e fazem a diferença: mesas restauradas com rendas antigas prensadas sob o tampo de vidro, sofás de couro castanho em torno de uma salamandra, tabuleiros de xadrez e jogos como o Monopólio, uma cadeira de baloiço rodeada por brinquedos, um piano e várias guitarras que podem dedilhar-se, janelas generosas com reposteiros espessos e rendados, uma oliveira ilusoriamente seca em que despontam algumas folhas verdes e muitas de papel branco com mensagens motivacionais. Os autores da fantasia? O músico canadiano Andrew Humphrey e a bailarina portuguesa Ana Luísa Mendonça, que se conheceram em Londres há muitos anos, que por amor se instalaram em São João da Madeira e que por paixão se lançaram agora neste projecto paralelo às suas carreiras principais.

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Joana Gonçalves

Tudo começou quando o espaço em que Ana geria a sua escola de dança se tornou demasiado pequeno para as exigências do ensino especializado e a academia se mudou para o centro artístico-industrial Oliva Creative Factory. Reconhecendo ao edifício anterior uma arquitectura especial e um simbolismo próprio, a bailarina quis mantê-lo na sua posse e começou por transformar-lhe o piso inferior numa clínica de bem-estar, onde hoje estão disponíveis serviços como aconselhamento parental, terapia da fala, acupunctura, massagem ayurvédica ou reiki. “Mas como somos ambos artistas — e ambos sonhadores — estivemos muito tempo a adaptar tudo”, conta Ana. “Foi assim que decidimos usar o piso de entrada como salão de chá, decorando tudo com base num conceito de psicologia assente na ideia de que cada pessoa encerra em si muitas pessoas diferentes, consoante o momento e o contexto.”

O Espaço Paz ajusta-se assim a várias personalidades, mas adopta alguns princípios que são transversais às suas várias facetas: pretende inspirar tranquilidade porque “há que viver um dia de cada vez, uma hora de cada vez”; aposta em alimentação “saudável, mas com sabor”, pelo que a carta da casa inclui propostas vegetarianas, bolos sem glúten e infusões biológicas; incentiva hábitos de vida positivos, pelo que tem à venda mercearia e cosmética biológicas; e incentiva o enriquecimento pessoal com iniciativas pontuais como tertúlias poéticas, palestras de astrologia e workshops de cozinha vegetariana.

“Restaurámos e adaptámos quase todos os móveis porque não queríamos aqui nada que fosse estéril, sem história, sem emoção, e o resto também é sempre pensado para proporcionar um momento feliz a quem nos visitar”, diz Andrew. “A ideia é viver aqui um fairy tale”, completa Ana. “Fazer sentir que estamos mesmo num conto de fadas.” 

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