Entrar, escolher e sair: Amazon abre loja sem empregados

Empresa norte-americana estreia modelo de loja que facilita as compras, mas que reduz a privacidade dos clientes e pode diminuir o número de trabalhadores.

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Nem empregados na caixa, nem sequer uma caixa self-service para o cliente registar as suas contas. A nova loja à base de inteligência artificial estreada pela Amazon em Seattle, nos EUA, promete, com o uso de tecnologia baseada em inteligência artificial, alterar a forma como as cadeias de retalho se relacionam com os consumidores, constituindo ao mesmo tempo mais uma ameaça para os trabalhadores que se arriscam a ser supérfluos.

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Nem empregados na caixa, nem sequer uma caixa self-service para o cliente registar as suas contas. A nova loja à base de inteligência artificial estreada pela Amazon em Seattle, nos EUA, promete, com o uso de tecnologia baseada em inteligência artificial, alterar a forma como as cadeias de retalho se relacionam com os consumidores, constituindo ao mesmo tempo mais uma ameaça para os trabalhadores que se arriscam a ser supérfluos.

A loja de conveniência, a que foi dado o nome de Amazon Go, aposta em simplificar ao máximo o processo de compra para o cliente, permitindo-lhes adquirir os seus produtos sem interagir nem com máquinas nem com humanos. Basta que, à entrada da loja, o cliente passe o telemóvel (onde está instalada uma aplicação) por um sensor e, a partir desse momento, as dezenas de câmaras instaladas seguem todos os seus movimentos. Aquilo que cada um escolhe e leva consigo é registado pelas máquinas e, por isso, basta ao cliente sair da loja que na sua conta Amazon é automaticamente debitado o que adquire.

A tecnologia utilizada envolve uma leitura inteligente das características físicas dos clientes e dos seus movimentos, de maneira a que não haja enganos no registo dos produtos comprados. Numa antestreia da loja feita com um pequeno grupo de jornalistas norte-americanos, não houve registos de enganos, com a tecnologia a conseguir resolver alguns dos desafios criados propositadamente pelos repórteres. O jornalista do The New York Times tentou levar sem pagar uma garrafa de refrigerante, mas sem sucesso: foi mesmo debitada na sua conta.

Contudo, a abertura ao público desta primeira loja não foi feita sem dificuldades. Quando, no início de 2016, se deu início à fase de testes, previa-se que a passagem à prática da nova tecnologia pudesse logo ocorrer no início de 2017, mas os primeiros ensaios, feitos com empregados da Amazon, revelaram diversos problemas, de acordo com as notícias de diversos órgãos de comunicação social publicadas na altura. Numa fase inicial, por exemplo, quando a loja tinha em simultâneo mais de 20 clientes, quando estes se moviam demasiado depressa ou quando entravam crianças, os sensores e as câmaras começavam a sentir dificuldades em distinguir os clientes e em perceberem aquilo que tinham comprado. Agora, esses problemas terão sido resolvidos, ao ponto de darem confiança suficiente à Amazon para fazer este primeiro lançamento.

Para já, a empresa não fala da abertura de novas lojas Amazon Go e também não revela planos para aplicar a nova tecnologia para além das lojas de conveniência de dimensão relativamente reduzida, como é a de Seattle.

De qualquer forma, uma coisa é certa, se a tecnologia passar este teste agora mais real e começar a ser adoptada de forma mais generalizada, na Amazon e noutras marcas, as consequências não serão sentidas apenas pelos clientes. Neste tipo de loja, para além das questões relacionadas com a privacidade dos consumidores, existe o potencial para reduzir de forma drástica o número de trabalhadores necessários, sendo por isso mais um sinal dos desafios que as novas tecnologias podem colocar ao número de empregos existentes.