Em 2017 houve 68 casos de intoxicação com cápsulas de detergentes

Dados do INEM mostram que não há ligação destes casos, que envolve sobretudo crianças até aos três anos, com um desafio que tem sido lançado entre jovens através da Internet.

Foto
"Comer cápsulas é estúpido! Come bolachas" é o mote da campanha do INEM que circula no Facebook. DR

Em 2017, as cápsulas de detergente provocaram 68 situações de intoxicação, sobretudo em crianças até aos três anos, de acordo com o Centro de Informação Antivenenos do INEM.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Em 2017, as cápsulas de detergente provocaram 68 situações de intoxicação, sobretudo em crianças até aos três anos, de acordo com o Centro de Informação Antivenenos do INEM.

O INEM lançou recentemente uma campanha de sensibilização no Facebook, depois de ser conhecido um desafio que está a ser lançado na Internet por jovens, que consiste na ingestão destas cápsulas de detergente e publicação do respectivo vídeo.

"Comer cápsulas é estúpido! Come bolachas" é o mote da campanha do INEM que circula no Facebook.

O Centro de Informação Antivenenos (CIAV) do INEM não tem, até ao momento, conhecimento de casos de intoxicações provocados no decorrer deste desafio.

Também a PSP publicou um comunicado na mesma rede social, alertando para "um novo desafio viral na Internet que consiste na ingestão destas cápsulas ou na sua colocação na boca, filmando e partilhando nas redes sociais".

"Estas cápsulas são altamente concentradas e projectadas unicamente para o seu fim. Devem ser armazenadas longe do alcance de crianças, independentemente das circunstâncias", lê-se no alerta da PSP.

Sem relação com este desafio, o CIAV do INEM atendeu 68 casos em 2017, relacionados com a exposição a detergente em cápsulas. Em 2016, este organismo registou 115 ocorrências e no ano anterior 140.

Dados do INEM a que a Lusa teve acesso revelam que "a maioria das situações ocorrem nos escalões etários mais baixos com particular incidência nas crianças até aos três anos de idade inclusive".

Em 2017, 14 das situações ocorreram em menores de dois anos, 19 tinham dois anos e 17 eram crianças com três anos.

A via digestiva foi o principal meio de exposição ao detergente em cápsulas (46), seguindo-se a ocular (17) e a cutânea (5).

Segundo o CIAV, "as cápsulas de utilização unitária de detergente para lavagem de roupa ou loiça contêm entre 30 a 50 ml de um detergente concentrado, revestidas por um invólucro solúvel em água".

"As suas cores brilhantes e chamativas são particularmente atractivas para as crianças que as podem confundir com guloseimas, rebuçados ou doces", prossegue o organismo.

De acordo com o CIAV, "ainda que a maior parte destas situações seja de gravidade relativa, dependendo de diversos fatores, podem, no entanto, provocar lesões, nomeadamente ao nível ocular, com consequências potencialmente mais graves".