ONU permitiu abusos sexuais nos seus escritórios em todo o mundo

Há uma "cultura de silêncio" na organização denunciam as vítimas que falaram ao jornal The Guardian.

Fotogaleria

As Nações Unidas permitiram que se cometessem abusos sexuais e assédio nos escritórios que tem por todo o mundo, com os que fizeram as denúncias a serem ignorados e os criminosos a ficarem impunes, disseram fontes ao jornal britânico The Guardian.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

As Nações Unidas permitiram que se cometessem abusos sexuais e assédio nos escritórios que tem por todo o mundo, com os que fizeram as denúncias a serem ignorados e os criminosos a ficarem impunes, disseram fontes ao jornal britânico The Guardian.

Um dos acusados é um alto funcionário que se mantém no seu posto, diz o jornal.

Dezenas de actuais e antigos funcionários da ONU descreveram uma "cultura de silêncio" em toda a organização e um método muito deficiente de apresentar queixa por agressões que funcionou contra as vítimas.

Dos funcionários entrevistados, 15 disseram que foram alvo ou denunciaram assédio sexual ou abusos nos últimos cinco anos. Diz o jornal que sete das mulheres apresentaram queixa, relatando o que lhes acontecera, mas isso raramente acontece pois as vítimas receiam perder os empregos ou acreditam que não serve para nada.

"Se denunciarmos, a nossa carreira praticamente acaba, sobretudo se formos consultores", disse uma consultora que denunciou ter sido assediada pelo seu supervisor quando trabalhava para o Programa Alimentar Mundial. 

Questionada pelo Guardian, a organização admitiu que a falta de denúncias é preocupante, mas acrescentou que o secretário-geral, o português António Guterres, já deu "prioridade à resposta ao assédio sexual e implementou uma política de tolerância zero".

As fontes do Guardian foram ouvidas sob anonimato em mais de dez países. Três mulheres que apresentaram queixas em escritórios diferentes disseram que desde então foram obrigadas a abandonar os empregos ou ameaçadas com a não renovação dos seus contratos.