Estudo conclui que adolescentes portugueses têm baixos níveis de vitamina D

Número crescente de estudos tem sugerido uma relação entre a falta de vitamina D no organismo e o desenvolvimento de doenças.

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João Henriques / Arquivo

Investigadores da Universidade do Porto concluíram num estudo que os adolescentes portugueses têm baixos níveis de vitamina D, um micronutriente que desempenha “um papel central no metabolismo do cálcio e no crescimento ósseo”.

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Investigadores da Universidade do Porto concluíram num estudo que os adolescentes portugueses têm baixos níveis de vitamina D, um micronutriente que desempenha “um papel central no metabolismo do cálcio e no crescimento ósseo”.

“Até ao momento, foram publicados dois artigos, cujos resultados apontam para baixos níveis de vitamina D nesta população, tendo-se concluído que os jovens com maiores níveis deste micronutriente no sangue têm menores valores de colesterol”, explicam os investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e da Faculdade de Medicina da mesma universidade (FMUP).

Com estes estudos, “fazemos um retrato do estado da vitamina D em adolescentes portugueses. Na adolescência, a vitamina D desempenha um papel central no metabolismo do cálcio e no crescimento ósseo, funções que são essenciais para os adolescentes. Esta fase é também particularmente importante, porque é um período sensível para definir um perfil de risco cardiovascular, cujas manifestações se detectam mais tarde na vida”, salientam, em comunicado.

As investigações avaliaram adolescentes pertencentes à coorte EPITeen, um estudo longitudinal que arrancou em 2003 com o objectivo de compreender como os hábitos e os comportamentos adquiridos na adolescência se reflectem na saúde do adulto.

Os jovens foram avaliados aos 13 anos, nas escolas públicas e privadas da cidade do Porto, tendo sido analisadas a vitamina D ingerida (obtida a partir da alimentação), através de um questionário de frequência alimentar, e a vitamina D sérica, quantificando os níveis de 25-hidroxivitamina D nas amostras de sangue.

Os investigadores referem que um número crescente de estudos tem sugerido uma relação entre a falta de vitamina D no organismo e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, osteoporose, diabetes, cancro e patologias auto-imunes, o que tem suscitado o interesse pelo estudo deste micronutriente.

Maria Cabral, primeira autora da investigação, explica que “existem duas fontes principais de vitamina D: a que advém da exposição à luz solar e a que provém da vitamina D ingerida (obtida a partir da dieta)”.

A produção interna deste micronutriente depende de factores como a idade, a pigmentação da pele, a exposição ao sol, a estação do ano e a latitude. “Além do mais, em regiões com latitudes superiores a 40 graus norte, a síntese cutânea de vitamina D pode não ser suficiente, sobretudo durante o Inverno, em que existe menos luz solar. Neste contexto, a contribuição dos alimentos ricos neste micronutriente poderá ser importante para ajudar a manter níveis de vitamina D saudáveis", alerta Maria Cabral.

A este propósito, o estudo designado Relationship between dietary vitamin D and serum 25-hydroxyvitamin D levels in portuguese adolescents, publicado na revista Public Health Nutrition, revela que “há uma relação entre o que é ingerido e os níveis de vitamina D no sangue, suportando que o aumento das fontes alimentares de vitamina D pode ser benéfico para elevar também os níveis da vitamina D sérica (obtida a partir da dieta e da síntese cutânea)”, refere a investigadora. Assim, aumentar a ingestão de alimentos ricos nesta vitamina, como o pescado, poderá ajudar a combater os baixos níveis de vitamina D sérica dos jovens portugueses.

Já no artigo intitulado Vitamin D levels and cardiometabolic risk factors in Portuguese adolescents, e publicado no International Journal of Cardiology, os investigadores concluíram que os jovens que tinham mais vitamina D no organismo apresentavam menores níveis de colesterol.

Estes artigos são também assinados pelos investigadores Joana Araújo, Carla Lopes, Henrique Barros, João Tiago Guimarães, Milton Severo, Sandra Martins e Elisabete Ramos.