Todos contra a hegemonia da KTM e de Peterhansel

O Dakar 2018 arranca neste sábado em Lima, no Peru, e durante cerca de 9000kms há dois adversários a “abater”. Contingente português será curto e terá ambições mais limitadas.

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O francês Sébastien Loeb durante a edição do ano passado, que terminou na segunda posição RICARDO MORAES/REUTERS

Saber se o domínio do francês Stéphane Peterhansel nos automóveis e da marca austríaca de motos KTM se prolongará por mais uma edição do rali Dakar é o grande aliciante da 40.ª edição da mais importante prova de todo-o-terreno do mundo, que hoje começa em Lima, no Peru, e só terminará em Córdoba, já na Argentina, a 20 de Janeiro, depois de ter passado pela Bolívia e de os sobreviventes terem completado 8793kms de percurso.

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Saber se o domínio do francês Stéphane Peterhansel nos automóveis e da marca austríaca de motos KTM se prolongará por mais uma edição do rali Dakar é o grande aliciante da 40.ª edição da mais importante prova de todo-o-terreno do mundo, que hoje começa em Lima, no Peru, e só terminará em Córdoba, já na Argentina, a 20 de Janeiro, depois de ter passado pela Bolívia e de os sobreviventes terem completado 8793kms de percurso.

Nas quatro rodas, Peugeot, Mini e Toyota são as equipas oficiais presentes e será uma absoluta surpresa se o vencedor não sair de uma destas equipas… e se não for Stéphane Peterhansel. O francês estará ao volante de um Peugeot, marca que tudo fará para que a sua despedida do Dakar — anunciou que não irá mais competir na prova após a edição deste ano — seja embelezada com o triunfo do campeão em título e que tentará a sua 14.ª conquista (seis vezes nas motos e sete nos automóveis).

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O qatari Nasser Al-Attiyah (Toyota), os espanhóis Nani Roma (Mini) e Carlos Sainz (Peugeot), todos eles antigos vencedores, e os também franceses Sebástien Loeb (Peugeot), nove vezes campeão do mundo de ralis, e Cyril Després, cinco vezes campeão do Dakar nas motos, serão os principais adversários de Peterhansel, que destaca a importância de sair do Peru — “o país que mais se parece com África, com muitas dunas” — bem posicionado.

“A mistura entre Peru, Bolívia e Argentina proporcionará, provavelmente, uma das mais bonitas corridas na América do Sul. Será uma prova especial, longa e exigente, anota o experiente francês, alertando para a necessidade de não se deixar “atascar” nas zonas arenosas. “O rali não ficará decidido antes da linha da meta, na Argentina”, acrescenta.

Para o compatriota Sébastien Loeb, a perspectiva de melhorar a prestação do ano passado esgota-se no triunfo, depois da segunda posição alcançada em 2017. “É difícil fazer previsões, porque há tantas variáveis no Dakar. Há muitos factores que podem inclinar o resultado para um lado ou para o outro”, avalia.

Nas motos, é a hegemonia da KTM que espicaça a concorrência. As 16 vitórias consecutivas no mais duro rali do mundo não são fáceis de engolir para as rivais Honda e Yamaha, sobretudo. O britânico Sam Sunderland, vencedor em 2017, lidera o lote de favoritos, e tentará imitar Fabrizio Meoni, Cyril Despres e Marc Coma, motards que conseguiram vencer dois Dakar consecutivos em cima de uma KTM, mas há que ter em conta também o austríaco Matthias Walkner, segundo classificado no ano passado, e o australiano Toby Price, vencedor em 2016.

Entre os adversários, o espanhol Joan Barreda (Honda), o francês Adrien Van Beveren (Yamaha) e o chileno Pablo Quintanilla (Husqvarna) são os homens com mais condições para colocar um ponto final no monopólio da KTM no Dakar. Mas será interessante também ver o que Kevin Benavides (Honda), sensação em 2016 com um quarto lugar, fará, depois de não ter podido competir em 2017 devido a lesão.

Entre os portugueses, antes do arranque da prova, o destaque vai para as ausências forçadas. Paulo Gonçalves, campeão do mundo de todo-o-terreno em 2013 e segundo classificado nas motos do Dakar 2015, não recuperou de uma lesão num ombro. Mário Patrão foi forçado a desistir à última hora na sequência de uma apendicite aguda. E Hélder Rodrigues também ainda recupera de uma lesão, falhando um Dakar pela primeira vez desde 2006. Por isso, a representação lusa nas motos ficará limitada a Joaquim Rodrigues (Hero) e Fausto Mota (KTM), cuja ambição, acima de tudo, é a de chegarem ao final.

Nos automóveis, os extremos tocam-se. Enquanto o experiente Carlos Sousa (Renault) está de regresso (já leva 17 participações e teve como melhor classificação um terceiro lugar em 2003), o novato e treinador de futebol André Villas-Boas (Toyota) fará a sua estreia, contando com o piloto de motos Rúben Faria como seu navegador para tentar chegar ao fim das 14 etapas.

“Estarei muito nervoso nas primeiras etapas, um pouco como um rookie, apesar de este ser o meu 18.º Dakar. O carro é relativamente novo, por isso temos de ser prudentes nas expectativas”, lembra Carlos Sousa, enquanto Villas-Boas alude a uma coincidência de números: “As corridas estão-me no sangue e sempre foi um sonho meu participar um dia no Dakar. O facto de esta ser a 40.ª edição e de eu ter feito 40 anos recentemente ajudou-me a decidir arriscar neste ano”.

Quem também arriscou foi a dupla Pedro Mello Breyner e Pedro Velosa, que terá a honra de fazer a estreia de Portugal na categoria SSV, aos comandos de um Yamaha YXZ 1000 R,da Cat Racing. Antes da partida, revelaram-se “ansiosos e motivados”.

As dunas em cinco dos sete dias de prova no Peru, a altitude na Bolívia, com a caravana a acelerar a mais de 3000 metros acima do nível do mar, em mais cinco dias de competição, e por fim a maratona até Córdoba, já com todo o desgaste acumulado, serão desafios para todos os 523 inscritos e 337 veículos que vão querer terminar um percurso que Marc Coma, director da corrida, apelidou de “traçado mágico”.