Maria João Bahia: da oficina na Rua da Madalena à loja na Avenida da Liberdade

A joalheira e empresária celebrou 35 anos de carreira e sonha com a abertura de uma loja no estrangeiro, quem sabe este ano.

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O que Maria João Bahia mais gosta de fazer, assim que chega à loja na Avenida da Liberdade, em Lisboa, que tem o seu nome gravado nas montras, é vestir a bata. “É como me sinto melhor”, confessa ao Culto, sentada 1.º andar do edifício que comprou há uns anos. Ali tem a loja, com dois pisos, a oficina de joalharia e o escritório. Foi há 35 anos que a sua carreira começou, depois de ter abandonado o curso de Direito e começado um estágio prático no Porto, a fazer peças decorativas, e em Lisboa, a fazer jóias. Depois de ter dado início ao processo de internacionalização no ano passado, sonha com a abertura de uma loja nos EUA ou no Médio Oriente.

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O que Maria João Bahia mais gosta de fazer, assim que chega à loja na Avenida da Liberdade, em Lisboa, que tem o seu nome gravado nas montras, é vestir a bata. “É como me sinto melhor”, confessa ao Culto, sentada 1.º andar do edifício que comprou há uns anos. Ali tem a loja, com dois pisos, a oficina de joalharia e o escritório. Foi há 35 anos que a sua carreira começou, depois de ter abandonado o curso de Direito e começado um estágio prático no Porto, a fazer peças decorativas, e em Lisboa, a fazer jóias. Depois de ter dado início ao processo de internacionalização no ano passado, sonha com a abertura de uma loja nos EUA ou no Médio Oriente.

No Porto, na oficina de Manuel Alcino aprendeu a fazer salvas de prata, de grande porte; em Lisboa, na oficina de Raul Ferreira dedicou-se a peças pequenas de joalharia. “Foi assim que tudo começou. Depois, em 1985, surgiu a oportunidade de comprar uma oficina na Rua da Madalena [em Lisboa], e com uma dose de loucura, de persistência e de vontade, as coisas foram acontecendo”, continua, recordando que houve “dias difíceis”, mas que o “factor sorte também ajudou”. “Tive logo propostas muito boas de trabalho.”

No início estava sozinha na sua oficina, na Rua da Madalena, num 2.º andar, actualmente tem oito pessoas a trabalhar consigo, na avenida onde se concentram as grandes marcas de luxo internacionais. Tal como há 35 anos, Maria João Bahia continua a desenhar as peças que depois são executadas por si e pelos seus colaboradores. Peças únicas ou de edição limitada, frisa. É na oficina que pode ser encontrada, se não tiver reuniões com clientes, se não for chamada à loja para algum pedido especial ou se não estiver numa feira internacional. São alguns os clientes interessados em transformar ou modificar jóias antigas. Nesses casos, a joalheira sente uma grande responsabilidade, mas também um enorme desafio, confessa. “Gosto de transformar coisas antigas sem as descaracterizar e desmanchar completamente.”

Mas não foram as jóias que desenha — “gosto de formas orgânicas”, diz — que lhe trouxeram a fama, mas sim a criação de troféus, já fez dezenas e o mais conhecido é o Globo de Ouro, da SIC. Mas há outros: da Revista dos Vinhos, de companhias de seguros, de clubes de futebol, autarquias, da Igreja e da Universidade Católica, vai enumerando, com medo de se esquecer de algum. “Os prémios têm sido uma constante, tanto de empresas nacionais como internacionais, também temos muitos clientes estrangeiros”, informa, acrescentando que há clientes que entram na loja com a intenção de comprar um dos troféus que, obviamente, não estão à venda.

Maria João Bahia dedicou-se também à decoração e à gastrojoalharia. No primeiro caso, a desenhar peças como castiçais e salvas de prata; e no segundo caso, a peças que são usadas por chefs para servir algum prato especial. Estas estão espalhadas por restaurantes com estrelas Michelin da Europa a Singapura, passando pelo México e pela China. Em Portugal, apenas no Vila Joya, no Algarve, existem peças suas, no restaurante de Dieter Koschina. Numa parceria com uma empresa espanhola, “anualmente lançamos 30 peças que os chefs encomendam para restaurantes específicos”, informa.

Na loja, 40% dos clientes são estrangeiros, “muitos são reincidentes” ou chegam porque algum amigo já por ali passou. “É o passa-palavra que funciona”, reconhece. Tem clientes que chegam da Austrália e de outros “países mais distantes, de que não estamos à espera”, continua a espantar-se. Esses clientes compram jóias cujo preço médio ronda os 2500 euros. Desde o ano passado que as peças podem ser adquiridas online e são enviadas para qualquer parte do mundo.

Três décadas depois, onde vai buscar a inspiração? A tudo, responde. “Tem-se inspiração trabalhando, desenhando, vendo, lendo, viajando. É um exercício como o de um atleta de alta competição que está sempre a treinar. É uma procura constante”, confessa a joalheira cujo nome é uma marca registada internacionalmente e que assina e numera todas as peças.

O que faz é joalharia de luxo? Maria João Bahia começa por responder que o luxo não é um diamante no valor de 500 mil euros, mas é a “história, a envolvência, o atendimento, a imagem que é criada à volta da marca e que faz criar um desejo, uma vontade de ter alguma coisa que está acima das nossas possibilidades”. Contudo, não tem de ser uma peça cara, salvaguarda, “se se considerar uma pessoa única e for criada uma única peça para essa pessoa, isso é luxo”.