Seul disponível para conversações de alto nível com Pyongyang

Negociações teriam como foco o envio de uma delegação norte-coreana aos Jogos Olímpicos de Inverno, mas podem ser o início de algo mais.

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Cho Myong-gyon, ministro sul-coreano para a Reunificação, fez o anúncio esta terça-feira LUSA/YONHAP

O ministro sul-coreano para a Reunificação, Cho Myong-gyon, anunciou esta terça-feira que Seul está disponível para conversações de alto nível com a Coreia do Norte, a realizarem-se já na próxima semana, a 9 de Janeiro, no posto fronteiriço de Panmunjom, a chamada "aldeia da trégua".

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O ministro sul-coreano para a Reunificação, Cho Myong-gyon, anunciou esta terça-feira que Seul está disponível para conversações de alto nível com a Coreia do Norte, a realizarem-se já na próxima semana, a 9 de Janeiro, no posto fronteiriço de Panmunjom, a chamada "aldeia da trégua".

A proposta deste cenário visa recuperar o espírito do Acordo de Armistício assinado precisamente em Panmunjom em 1953, iniciando uma pausa da Guerra Coreana.

A declaração surge um dia depois do líder do regime de Pyongyang, Kim Jong-un, ter dito estar “aberto ao diálogo”, apesar de ter renovado as ameaças de recurso a armas nucleares contra os Estados Unidos.

O ministro sul-coreano afirmou numa conferência de imprensa que as conversações deverão ter como foco a participação de uma delegação norte-coreana nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, que acontecem em Fevereiro, mas ambos os países parecem querer que isso seja apenas um começo.

Depois de um Conselho de Ministros, o próprio Presidente, Moon Jae-in, saudou esta oferta de conversações como "uma oportunidade extraordinária" de melhoria nas relações entre os dois países tecnicamente em guerra.

"O progresso nas relações entre a Coreia do Norte e do Sul não pode avançar sem ter em conta o programa nuclear norte-coreano, pelo que o ministro dos Negócios Estrangeiros deve coordenar esta aproximação de perto com os nossos aliados e com a comunidade internacional", acrescentou Moon. Não haveria dúvidas, mas fica assim esclarecido que Seul não está disponível para servir de amigo a Kim contra o resto do mundo.

Ao contrário da atitude habitual em relação a Seul, que costuma ignorar, no discurso de Ano Novo Kim dirigiu-se directamente aos sul-coreanos, sugerindo que 2018 será um ano muito importante para os dois países da Península: o Norte comemora o seu 70º aniversário; o Sul organiza as Olimpíadas. 

Derreter o gelo

"Devíamos derreter o gelo nas relações Norte-Sul, ornamentando assim este ano significativo como um ano que deve ficar como uma recordação especial na história da nação" coreana, afirmou o líder de Pyongyang.

A última vez que o Norte e o Sul se encontraram, em Dezembro de 2015, as conversações realizadas na zona industrial conjunta de Kaesong terminaram sem acordo e sem que a agenda fosse sequer tornada pública.

A surpresa da oferta de Kim - o presidente do comité organizador dos Jogos, Lee Hee-beom, chamou-lhe "prenda de Ano Novo" - segue-se a um ano marcado por diversos testes com mísseis balísticos e o ensaio nuclear mais poderoso já realizado pelos norte-coreanos, em Setembro. Kim também descreveu a Coreia do Norte como "potência nuclear completa" e garantiu a Donald Trump que "o botão para as armas nucleares" está na sua secretária.

Com algumas dúvidas sobre o que falta ainda desenvolver no programa nuclear de Kim para este poder ordenar um ataque com armas atómicas, alguns analistas sugerem que a aproximação ao Sul e a intenção de participar nos Jogos deve ser lida como uma tentativa para não sair do palco internacional e permanecer no centro das atenções, algo a que Pyongyang se habituou.