Marques Mendes: “Ministério Público vai acabar por acusar Estado de homicídio”

Comentador vaticina que Vieira da Silva não se demitirá nem será demitido, até porque é “uma pessoa séria”.

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Adriano Miranda

Marques Mendes disse este domingo, no seu comentário semanal na SIC, que o Ministério Público vai acusar o Estado e outras entidades de homicídio por negligência no caso do incêndio de Pedrógão.

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Marques Mendes disse este domingo, no seu comentário semanal na SIC, que o Ministério Público vai acusar o Estado e outras entidades de homicídio por negligência no caso do incêndio de Pedrógão.

Num balanço que fez aos seis meses da tragédia, o antigo líder destacou o facto de as responsabilidades políticas terem demorado tempo demais a serem assumidas, e o atraso no pagamento das indemnizações do Estado às vítimas e às respectivas famílias. “É o Estado a falhar”, observou. Para acrescentar logo a seguir: “Quanto às responsabilidades criminais, ainda a procissão vai no adro. A minha convicção é que o Ministério Público vai acabar por acusar o Estado e entidades de homicídio por negligência."

No início da passada semana, o Departamento de Investigação e Acção Penal de Leiria constituiu dois arguidos no âmbito deste inquérito-crime: o comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut, e o segundo comandante distrital de Leiria da Protecção Civil, Mário Cerol.

Antes da tragédia de Pedrógão, este último nunca terá enfrentado um fogo florestal de grandes dimensões - o que de resto só fez naquele dia por o primeiro comandante de Leiria, Sérgio Gomes, ter sido confrontado com problemas de saúde que o terão impossibilitado de exercer funções durante aquelas horas.

O PÚBLICO perguntou à Autoridade Nacional de Protecção Civil ao longo dos últimos dias se vai pagar a defesa judicial de Mário Cerol, que, tal como o comandante dos voluntários de Pedrógão, está indiciado não só por homicídio negligente como também pelo crime de ofensas corporais, igualmente por negligência. Mas não recebeu qualquer tipo de resposta: esta entidade remeteu-se ao silêncio.

Marques Mendes falou também da polémica em torno da Raríssimas, para sair em defesa do ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva. “É uma pessoa séria e um ministro competente. Tenho a certeza de que não se demitirá nem será demitido. E não cometeu qualquer crime – não meteu dinheiro ao bolso, não cometeu uma fraude, não é responsável por gestão danosa”, assegurou. A sua única falha, na opinião do comentador, foi não ter mandado fazer senão agora uma inspecção à instituição, uma vez que “já antes do Verão estava ao corrente de problemas e acusações de irregularidades”.