Novo foguetão Ariane 6 terá participação de empresas portuguesas

Voo inaugural do foguetão europeu está previsto para 2020. Com ele, irá também tecnologia desenvolvida por empresas portuguesas.

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Ilustração artística do foguetão Ariane 6 ESA/David Ducros

Quando o foguetão Ariane 6 estiver a funcionar, também terá o contributo de empresas portuguesas. A Metalovimaq e a Solintep, assim como a Critical Software, assinaram contratos para participar no desenvolvimento do Ariane 6, cujo voo inaugural está previsto para 2020.

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Quando o foguetão Ariane 6 estiver a funcionar, também terá o contributo de empresas portuguesas. A Metalovimaq e a Solintep, assim como a Critical Software, assinaram contratos para participar no desenvolvimento do Ariane 6, cujo voo inaugural está previsto para 2020.

A construção do Ariane 6 foi aprovada em conselho de ministros da Agência Espacial Europeia (ESA) em 2014. Vai custar aos Estados-membros da ESA, onde Portugal se inclui, cerca de 3800 milhões de euros e substituirá o Ariane 5. Este novo foguetão vai ter uma maior capacidade de transporte de satélites para o espaço e pretende-se que torne a Europa mais competitiva no mercado espacial. O foguetão terá duas versões: uma com dois propulsores e que transportará para o espaço cargas até cinco toneladas; a outra terá quatro propulsores e poderá transportar até 11 toneladas.

As empresas Metalovimaq e a Solintep, com sede em Torres Vedras, assinaram em Agosto deste ano um contrato com a Latecoere Services, empresa que o consórcio europeu Arianespace (empresa francesa que está a construir o novo foguetão) escolheu para fazer a montagem do foguetão Ariane 6, que terá 5,4 metros de diâmetro, 63 metros de altura e 800 toneladas.

As duas empresas vão construir as plataformas de acesso para a pré-montagem do foguetão, em França, e para a montagem, prevista a partir do verão de 2018 na Guiana Francesa, na América do Sul, explicou o administrador Hélder Reis à agência Lusa. “O projecto já está em fase de execução, o fabrico vai começar em Dezembro ou Janeiro e a montagem final está prevista para o início de 2018”, adiantou.

“Uma das maiores complexidades é o planeamento, porque o projecto é enorme e é a primeira vez que desenhamos uma plataforma do género, os prazos são curtos e a plataforma não pode ter electricidade estática em qualquer uma das suas zonas, pelo que estamos a encontrar soluções para essas especificidades técnicas”, explicou ainda Fabien Gerárd, engenheiro aeronáutico da Solintep à Lusa.

Orçada em quase um milhão de euros, esta encomenda vai representar 30% da capacidade produtiva das duas empresas de Torres Vedras e é a maior que têm desde que começaram a trabalhar. Além da estrutura de acesso ao foguetão, as empresas vão desenvolver a “torre orbital, que percorre o foguetão em todo o seu comprimento e que leva os operadores a qualquer zona do foguetão”.

Este é o primeiro trabalho para a indústria aeroespacial que ambas as empresas desenvolvem. A concepção do projecto está a cargo da Solintep, criada em 2012, com dez postos de trabalho qualificados e com um volume de negócios anual de 700 mil euros. Já a execução do trabalho é da Metalovimaq, criada em 2006, que emprega 82 trabalhadores e factura por ano 6,1 milhões de euros. A Metalovimaq dedica-se à construção de estruturas metálicas para a indústria aeronáutica e exporta 90% da sua produção para países como França, Nova Zelândia, Austrália, Estados Unidos, Canadá e de África. Entre os principais clientes estão a Airbus e companhias aéreas comerciais, como etíope Ethiopian Airlines e a australiana Qantas.

Também a empresa Critical Software assinou um contrato no final de Setembro para o desenvolvimento do Ariane 6. Com sede em Coimbra, vai desenvolver software de telemetria do novo foguetão. “Este software será responsável pelo processamento, agregação e transmissão dos dados de voo que serão usados pelas estações de controlo terrestre”, refere um comunicado da Critical Software. O software vai assim permitir assegurar a comunicação do foguetão durante a fase de ascensão para as estações terrestres. “Aqueles dados são essenciais para a monitorização e controlo das várias fases do lançamento, incluindo a análise e correcção de eventuais falhas que possam comprometer o foguetão”, lê-se no comunicado. A Critical Software não quis revelar o valor deste contrato.

A empresa presta mais serviços na área do espaço, por exemplo na construção dos satélites, mas esta é a primeira vez que assina um contrato com a Arianespace. E é também a primeira vez que desenvolve software para um lançamento espacial de um foguetão, a fase mais crítica e também mais mediática.