Negligência está na origem da maioria dos casos de busca e resgate no PNPG

Agosto ainda nem terminou e a GNR já teve de fazer mais quatro operações de regaste do que nos primeiros oito meses de 2016, envolvendo 26 pessoas.

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Mau conhecimento do terreno é uma das causas das situações de desorientação ADRIANO MIRANDA / PUBLICO

O Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR já realizou, neste ano, 18 operações de busca (11) ou de resgate (sete) no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), mais quatro relativamente ao primeiros oito meses de 2016. O número de pessoas alvo dos salvamentos caiu, porém, de 33 para 26, não se registando nenhuma vítima mortal. O comandante da 4.ª companhia do GIPS, Manuel Moreira, adiantou que a maioria dos casos resulta da “negligência” das vítimas.

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O Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR já realizou, neste ano, 18 operações de busca (11) ou de resgate (sete) no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), mais quatro relativamente ao primeiros oito meses de 2016. O número de pessoas alvo dos salvamentos caiu, porém, de 33 para 26, não se registando nenhuma vítima mortal. O comandante da 4.ª companhia do GIPS, Manuel Moreira, adiantou que a maioria dos casos resulta da “negligência” das vítimas.

Segundo os dados fornecidos ao PÚBLICO pela pela Divisão de Comunicação e Relações Públicas da GNR e pela 4.ª companhia do GIPS, sediada em Braga, com excepção de um resgate de uma pessoa em Fevereiro e de outra operação para ajudar duas pessoas em Maio, o grosso das operações deste ano decorreu nos meses de Julho e de Agosto. A última aconteceu a 12 de Agosto, quando o GIPS e os Bombeiros de Terras de Bouro tiveram de salvar uma mulher que ficou ferida ao caiu nas pedras junto à Cascata do Arado, local onde se registou, em Maio de 2016, o único acidente com uma vítima mortal do ano passado.

O comandante dos GIPS de Braga, o capitão Manuel Moreira, concordou que o aumento das buscas – situações de vítimas “perdidas” ou “desaparecidas” -  e dos resgates – que requerem o uso de “cordas de grande ângulo” para retirar pessoas de “zonas de difícil acesso” – tem ocorrido “principalmente no Verão”, sendo, por vezes, necessário desviar a “equipa de vigilância e combate a incêndios florestais” no Gerês para “essas situações”, explicou.

Manuel Moreira acrescentou que a subida face ao ano passado vai ao encontro do “crescimento gradual, sólido e consistente” do “volume de trabalho” ao “longo dos últimos cinco anos”, nos quais se vem contabilizando mais “situações de busca e de resgate” e mais “situações de elevada complexidade”, que ocorrem sobretudo nas buscas durante o inverno, pelo risco da vítima entrar em “hipotermia” com as “temperaturas negativas”, caso não seja encontrada.

“Em 2007, tínhamos sete ocorrências por ano. Em 2015, tínhamos 12. De repente, passámos para 22 ocorrências no ano passado [até ao final de Dezembro], e o número está a aumentar”, explicou o comandante da companhia que tem 18 militares especialistas na alta montanha e duas viaturas de busca, e que é responsável por quatro dos cinco municípios do parque nacional – Melgaço, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, no distrito de Viana do Castelo, e Terras de Bouro, no distrito de Braga.

O responsável acrescentou que, nos últimos cinco anos, houve “mais de meia centena de situações de busca e de resgate”, com “132 vítimas envolvidas” e “uma vítima mortal todos os anos”, algo que ainda não ocorreu em 2017. As situações mais graves deste ano referem-se a três vítimas “helitransportadas” pelo INEM, com “alguma gravidade”, para hospitais da região.

 “A quase totalidade das situações de busca e de resgate são situações de pura negligência”, reiterou Manuel Moreira. O responsável pela companhia sediada em Braga explicou que as pessoas deslocam-se frequentemente ao Parque Nacional da Peneda-Gerês sem “vestuário adequado”, sem “conhecerem o terreno” e sem o “mínimo de preparação física”, e ignoram, de forma consciente, “avisos meteorológicos” e “alertas de protecção civil”.

O comandante da divisão pertencente à GNR referiu que há até quem negligencie “alertas físicos” como as placas que indicam “perigo de morte”, e deu o exemplo da cascata da Fecha das Barjas, popularmente designada como “Tahiti”, na qual ocorrem anualmente, de Julho a Setembro, cerca de “15 a 20 situações de quedas”, que acabam em “fracturas expostas”, “traumatismos” ou “pessoas em perigo de vida”, obrigando ao recurso ao “helicóptero do INEM”.

O comandante referiu ainda que a “sinergia” entre “entidades” como a “Cruz Vermelha, o INEM, os bombeiros voluntários, os sapadores florestais, a protecção civil municipal, os guardas do parque e as valências da GNR, entre as quais se incluem os GIPS” tem permitido dar “uma resposta mais célere e de qualidade” a cada situação, apesar do aumento de casos.