Conselho de Redacção da Visão solidário com direcção para "procurar soluções"

Órgão lamenta “alteração estratégica” numa altura em que revista “é líder no seu segmento de mercado”.

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O conselho de redacção (CR) da Visão lamentou esta quarta-feira a "profunda alteração estratégica" da Impresa numa altura de "recuperação assinalável" e solidarizou-se com a direcção editorial da revista para "procurar soluções que viabilizem o futuro da publicação".

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O conselho de redacção (CR) da Visão lamentou esta quarta-feira a "profunda alteração estratégica" da Impresa numa altura de "recuperação assinalável" e solidarizou-se com a direcção editorial da revista para "procurar soluções que viabilizem o futuro da publicação".

A Impresa, dona da SIC, do Expresso e da Visão, admitiu esta quarta-feira vender títulos, no âmbito de um "reposicionamento estratégico" da sua actividade, que passa por uma "redução da sua exposição ao sector das revistas e um enfoque primordialmente nas componentes do audiovisual e do digital".

Numa nota enviada à redacção da Visão a que a Lusa teve acesso, o CR lamentou "as incertezas" que esta decisão da administração da Impresa "acarreta sobre o futuro quase imediato das revistas do grupo, entre as quais a Visão, a Visão História e a Visão Júnior".

Neste sentido, "os membros eleitos do CR entendem ser seu dever solidarizar-se com a direcção editorial da Visão na sua tentativa de procurar soluções que viabilizem o futuro da publicação", que conta já com 24 anos de existência e que "é líder no seu segmento de mercado".

O órgão que representa os jornalistas da Visão disse ainda acreditar que "esta equipa editorial continuará a dar provas da qualidade e profissionalismo".

Relativamente ao "reposicionamento estratégico" agora anunciado pela administração do grupo, o CR da Visão lamenta que "esta profunda alteração estratégica da actividade da Impresa surja num contexto de recuperação assinalável (e em contra corrente com o panorama da imprensa portuguesa) das vendas da Visão e das suas extensões de marca" e também num momento "de cumprimento, e até de superação, dos objectivos orçamentados para o corrente ano, nomeadamente em termos de receita".

Após reuniões de elementos das direções com trabalhadores de vários títulos, o presidente executivo do grupo de comunicação social, Francisco Pedro Balsemão, enviou uma mensagem indicando que, tendo em conta o Plano Estratégico para o triénio 2017-2019, a "Impresa procederá a um reposicionamento estratégico da sua actividade".

"Nesse sentido, [a Impresa] iniciou um processo formal de avaliação do seu portfólio e respectivos títulos, que poderá implicar a alienação de activos. A prioridade passa por continuar a melhorar a situação financeira do grupo, assegurando a sua sustentabilidade económica, e logo a sua independência editorial", concluiu na mesma nota.

Durante esta tarde foi transmitido a vários trabalhadores que Expresso e SIC deverão manter-se no grupo e que outros títulos podem ser vendidos ou encerrados, de acordo com fontes das redacções.

O grupo Impresa fechou o segundo trimestre deste ano com um lucro de 2,8 milhões de euros, uma queda de 22,5% face aos 3,6 milhões de euros registados em igual período de 2016.

No início de Março, Francisco Pedro Balsemão disse à Lusa estar confiante na concretização do Plano Estratégico, que apesar de "ambicioso, é exequível e realista".

O Plano Estratégico prevê, entre outras metas, melhorar a rentabilidade da SIC, aumentar as receitas digitais do grupo e acelerar a expansão internacional, admitindo também repensar as actividades que não tenham um contributo estratégico para o grupo.

A 3 de Julho, a Impresa anunciou o lançamento de uma oferta de subscrição de obrigações a cinco anos, dirigida a investidores qualificados e cujo valor poderia chegar aos 35 milhões de euros.

No entanto, a 21 de Julho, a administração do grupo decidiu "interromper o processo de emissão de obrigações", devido a "alterações recentes" na comunicação social, o que fez com que aquela operação não se tenha realizado.